A competência facilita as coisas
Jogar em Tondela é sempre difícil, pelo que esta deslocação do Benfica não podia ser encarada com grande optimismo. As ausências, por castigo, de Veigl e Otamendi, a que se somavam mais alguns jogadores em risco de ficarem impedidos de jogar o próximo jogo, que é com quem se sabe, complicavam mais as coisas. O Ramadão também entra nestas contas, com Taarabt de fora, entre o jejum e as lesões.
Sem Otamendi, o treinador do Benfica abandonou a sua nova opção pelos três centrais, e regressou ao seu clássico 4x4x2, com o centro da defesa entregue a Lucas Veríssimo e Vertonghen. Com Gabriel a fazer de Weigl, Gilberto, também ele em perigo amarelo, a poupar o Diogo Gonçalves a esse risco, Everton e Waldchmidt de volta à titularidade, e Pizzi na rara condição, nos últimos tempos, de titular pela segunda vez consecutiva. Muitas mexidas.
O jogo arrancou a quere confirmar as esperadas dificuldades, com o Tondela muito agressivo e disposto a lutar por todos os espaços e por todas as bolas. Rapidamente, bem cedo, e à custa de bom futebol, o Benfica anulou as intenções tondelenses. E partiu para uma boa primeira parte, com 35 minutos de grande nível.
O primeiro golo surgiu logo aos 12 minutos, mas já na terceira oportunidade claríssima do Benfica. Antes já Seferovic tinha feito o que é costume - fazer o mais difícil, que é falhar um golo daqueles. E Everton - mais uma aparição, ele que tantas vezes anda desaparecido - isolado, tinha desperdiçado outro. Às três foi de vez, e foi de novo a vez de Pizzi, em mais um daqueles golos que só ele marca, assistido pelo Everton.
O Benfica estava então em plena exuberância exibicional, e o segundo golo tardou apenas 7 minutos. E também à terceira, que no total era a sexta oportunidade de golo criada. E que golo, este de Everton!
A equipa manteve a exibição em bom nível até ao fim da primeira parte, mesmo que à medida que o tempo ia avançando se começasse a ver a equipa mais interessada em controlar o jogo, do que propriamente em continuar avassaladora.
Tendência que acentuou na segunda parte, e que se chegou até a mostrar perigosa, em especial no primeiro quarto de hora, quando a equipa correu sérios riscos. Valeu, por duas ou três vezes, o guarda-redes Helton, já a fazer esquecer Vlachodimos. Ou pelo menos a dar razão à inexplicável - e inexplicada - opção de Jorge Jesus de há dois meses.
Foi o período menos bom da equipa. Que, passado esse quarto de hora inicial, mesmo sem nunca voltar a atingir o fulgor da primeira parte, voltou ao controlo absoluto da partida. E a criar oportunidades de golo flagrantes. Para Seferovic voltar a desperdiçar. Mas também Pizzi, num remate fantástico que só por muito pouco não deixou a bola dentro da baliza. E ainda Cervi, entrado perto do fim, sozinho em frente ao guarda-redes, mas também com dois colegas ao lado, sem nada que os estorvasse.
É sempre assim, quando se é competente, os jogos difíceis acabam em jogos tranquilos. A equipa jogou globalmente bem, e até os patinhos feios a parecer cisnes. Everton foi mesmo cisne. Gabriel não foi, mas às vezes até chegou a parecer. E com Pizzi em forma, a música é outra.
Não fosse aquele intolerável apagão com o Gil e outro galo agora cantaria. Quando deixaram que fosse o galo de Barcelos a cantar deixaram que se acabasse tudo. O acesso directo à Champions é agora de alta improbabilidade. Até porque para o outro lado continua a cair daquilo de que eles gostam tanto por todo o lado, e de toda a maneira e feitio.