A "entrevista"
Segunda feira é dia de Miguel Sousa Tavares (MST) na TVI. Comenta no telejornal e, depois, entrevista uma personalidade que por qualquer motivo esteja no centro da actualidade, já no canal de notícias daquela televisão. À boa maneira da TVI ( e não só), de forma a prender o espectador, a entrevista é sucessiva e amplamente anunciada durante a emissão do telejornal.
Ontem voltou a ser assim, e a entrevista de MST a Inês Sousa Real, a nova líder do PAN, foi anunciada ao longo de mais de uma hora. Num zaping caí exactamente num desses momentos e ... claro, funcionou - deixei-me esperar pela entrevista. Não por qualquer entusiasmo especial pelas personagens; apenas, conhecendo-se as posições do entrevistador, pela curiosiade de ver até que ponto aquilo poderia ser uma entrevista.
MST é um opinador, um profissional pago mais que, para "vender" comentário, para defender as suas próprias opiniões. É assim sobre tudo o que são as suas opções pessoais, do clubismo ao estilo de vida: jornais e televisões pagam-lhe para as defender.
Mas, uma coisa é um texto publicado num jornal ou opinião prestada numa televisão. Outra é, jornalisticamente, uma entrevista. Era por isso duvidoso que MST fosse capaz de conduzir uma entrevista contra um dos seus maiores ódios de estimação, e daí a minha curiosidade.
Não foi. E, em vez da anunciada entrevista, foi-nos servido um debate. Aceso, como poucos, e pouco sério como quase todos. Uma fraude televisiva com o ponto alto na última intervenção do entrevistador, quando calou a entrevistada com "essa não é a minha pergunta", como se aquilo tivesse sido uma entrevista.