A escolha do diabo
O governo, no seu programa habitação com que abriu a campanha eleitoral para as (bem) próximas legislativas antecipadas, insiste que o problema se resolve pelo lado da oferta. Constroem-se mais casas, os preços baixam, e fica tudo resolvido.
A par da construção de mais casas, constroem-se as obras que ainda há pouco eram faraónicas, mas são agora inadiáveis.
Sabemos quem é que trabalha na construção, e imaginamos as centenas de milhares de imigrantes necessários. Se não há casas, e precisamos que venham para as construir, das duas, uma: ou criamos um ciclo vicioso (não se fazem casas porque não há casas para quem as construa); ou contamos replicar as condições em que vive grande parte dos que já cá estão.
Entre as duas, que venha o diabo e escolha. Mas convém que, quando vier, e escolher, se lembre que multiplicar "Odemiras" à escala das centenas de milhares de imigrantes é capaz ser qualquer coisa tão perigosa como o rebentamento de uma central nuclear.