A grandeza de CR 7
Não tenho dúvidas em afirmar que Cristiano Ronaldo protagonizou, ontem, um dos melhores momentos de desportivismo de sempre no futebol. Raro, e só ao alcance dos realmente grandes em carácter.
Não têm sido poucas as vezes em que lhe critiquei traços de carácter, porventura algumas delas equivocado entre carácter pessoal e espírito competitivo. Ou talvez incapaz de perceber que, num "animal" de competição como ele, é muita curta a distância que separa o êxito da frustração. Por isso não poderia deixar de salientar esta atitude exemplar de dignidade de que só os maiores são capazes.
Certamente que já vimos Cristiano Ronaldo ser igual a tantos os outros, simulando e tentando tirar proveito da arte de enganar. Provavelmente já beneficiou de alguns penáltis mal assinalados. Mas provavelmente foram ainda mais os que ficaram indevidamente por assinalar.
Ontem, logo no início do jogo para a Liga dos Campeões asiática, entre a sua equipa - o Al-Nassr - e a equipa iraniana do Persepolis, o árbitro chinês - Ma Ning, que provavelmente nunca sairia do anonimato - assinalou penálti, por suposta falta sobre a estrela portuguesa, que os narradores da televisão deram logo por indiscutível. Na repetição via-se que tinha havido toque na perna do craque do Al-Nassr. Só depois se percebeu que fora Cristiano a provocar o contacto mas, antes de tudo isso, já ele indicava ao árbitro que não. Que não era penálti!
O árbitro recorreu ao às imagens do VAR e reverteu a decisão. Mas nunca se saberá se, sem aquele sinal de "não", com o indicador, peremptório, de CR 7 o VAR teria sequer intervindo. Sabe-se é que este gesto de Cristiano vale mais que qualquer dos recordes que já bateu e dos que ainda quer bater.