A lógica do tubérculo
Parece-me muito discutível a convocação de um Conselho de Estado para analisar o Brexit. Não parece nada que seja matéria de Presidente da República, e menos ainda da mais alta estrutura institucional da magistratura presidencial. Mas ... convidar o FMI?
Convidar a Drª Cristina Lagarde para a reunião do Conselho de Estado, porquê? Para quê? Por que "carga de água"?
Não vejo outra justificação que não mais um dos excessos em que o presidente Marcelo vem sendo pródigo nos últimos tempos. Os excessos presidenciais são pecadilhos a que, em regra, nenhum presidente tem conseguido escapar. Uns com mais estardalhaço que outros, mas todos percorreram esses corredores mais extravagantes. Todos, no entanto, o fizeram sempre no segundo mandato.
A regra tem sido um primeiro mandato tranquilo e cordato, para garantir a reeleição, ficando o segundo para partir a loiça toda, quando daí já não lhe venha mal nenhum. Parece que Marcelo está a entrar nesses corredores à entrada da segunda metade do seu primeiro mandato pelo que, se a lógica não for uma batata, está desfeito o tabu da sua candidatura para um segundo mandato.
Se a lógica não fosse uma batata, pela primeira vez um presidente iria abdicar de um segundo mandato. Coisa que, com o mais popular de todos, faria da lógica precisamente uma batata. A não ser que a noticiada quebra de popularidade de Marcelo nos últimos meses ("quanto mais alto se sobe maior é a queda") empurre o tubérculo para fora da lógica...