A Páscoa da ressurreição
(Foto do Expresso: Rui Duarte Silva)
Talvez não tenha suscitado tanto interesse como era habitual, mas este quadragésimo Congresso do PSD, não deixou de ocupar o lugar central no espaço mediático deste fim-de-semana. Claro que as directas, ao retirarem aos últimos congressos a suspense da eleição do líder e os jogos de bastidores que lhe abrilhantavam o cartaz, roubaram-lhe a carga maior do espectáculo. Mesmo assim ainda se pode continuar a dizer desta o que se diz da outra - "não há festa como esta".
Montenegro disse e desdisse-se. Disse - esforçou-se por isso - que trazia uma agenda social, que iria combater os baixos salários dos portugueses, desdizendo que "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer" pelo seu executivo de referência, do excelso Passos Coelho, o seu ponto no palco da liderança parlamentar do governo que foi para além da troika. Deu "um chega para lá" ao seu antigo companheiro das lides passistas, dizendo-se "nada de políticas xenófobas", e que nunca encabeçaria um Governo que as tolerasse, mas contradizendo-se nos acordos que se farão “quando e se necessários”. Quer dizer, quando e se precisar do Chega para ser poder, bem longe do claro “não” de Jorge Moreira da Silva na disputa das directas.
O resto foi construir e transmitir a ideia de um partido unido à sua volta, para a qual chamou os possíveis adversários que contam, depois de dar os "rioístas" por mortos, o "rioísmo" por enterrado e o "passismo" por ressuscitado. E foi mesmo desta celebração pascal que se fez a festa maior no defunto Pavilhão Rosa Mota, reencarnado Super Bock Arena. Como foi bonito e enternecedor ver aqueles abraços esfuziantes e aqueles sorrisos abertos, de felicidade de orelha a orelha, em velhos rostos sisudos, como se o país tivesse acabado de renascer das trevas. E toda aquela gente saída do inferno a acabar de entrar no eterno paraíso celestial!