A tragédia de Moçambique*
Não ficamos, nem poderíamos ficar, indiferentes à tragédia que o ciclone tropical Idai provocou, especialmente em Moçambique, mas também no Maláui e no Zimbabué.
Pela dimensão do fenómeno, apontado já como um dos piores, se não o pior desastre climático no hemisfério sul, mas acima de tudo pela estreita relação que mantemos com aquela terra e aquela gente.
Mais de milhão e meio de pessoas afectadas, centenas de mortes e de desaparecidos, e a mártir cidade da Beira totalmente destruída, num cenário apocalíptico a que é difícil sobreviver. Depois de 16 anos de destruição em guerra civil, e das cheias de 2000…
As contas da dimensão da estratégia estão por fechar. Estão mesmo longe de ser fechadas, e isso, não conhecer a sua verdadeira dimensão, é a outra tragédia deste momento trágico.
A emergência é total, e não dá tréguas. É preciso resgatar e alimentar pessoas desesperadas, dar-lhes comida, água, abrigo, segurança. E à vista está já uma gigantesca emergência médica para enfrentar dificuldades que, às necessidades dos cuidados imediatos, acrescenta as dos riscos de doenças provocadas pela proliferação de infecções ou pelo consumo de água imprópria.
Moçambique é um país com enormes fragilidades institucionais, e dos mais pobres do mundo, que não tem sido poupado às mais diversas calamidades. E não tem como as enfrentar. Por agora abriram-se múltiplas vias de ajuda e, como sempre, a solidariedade dos portugueses está a responder. O pior virá certamente depois, quando voltar a sair das primeiras páginas dos jornais e dos noticiários das televisões…
* A minha crónica de hoje na Cister FM