A tragédia que não se vê
Ainda Janeiro vai no sexto dia e já aí está a terceira vaga da pandemia. Anunciada para Janeiro pelas pessoas do conhecimento que não se costumam enganar - que não se têm enganado - nestas coisas, não se atrasou. Há determinismos nas pandemias e no comportamento humano que são incontornáveis!
É o Natal. Foi a abertura do Natal que fez que acontecesse o que os especialistas garantiam ir acontecer?
Talvez. Em parte. Talvez, e em parte, porque foi acima de tudo o comportamento das pessoas, individualmente ou em grupo. Se houve pessoas que se privaram de juntar a família, ou de se juntar à família, outras houve que não se privaram de se juntar em grupo a festejar não se sabe o quê, e em condições em que a limitação do número de pessoas por mesa era apenas o limite do próprio grupo.
Hoje, rigorosamente ao dia de hoje, na maior parte do país, os hospitais não podem receber nem mais uma pessoa, não têm oxigénio para acudir a toda a gente, muitos morrem e não têm já espaço para os cadáveres. O país não sabe disto, porque isto não vem assim para os jornais, e as televisões andam mais preocupadas em fazer perguntas parvas a quem está a vacinar ou a ser vacinado. E continua generalizadamente a negligenciar nos comportamentos, e a fazer alarde de uma enorme falta de educação cívica, indiferente à tragédia.
Que está aí, à frente dos olhos, e ninguém vê!