Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Acabem lá com o fogo amigo

Começo a contar a história deste Portimonense-Benfica, referente à sexta jornada deste campeonato, e o segundo jogo consecutivo fora, por Roger Shemidt. Diz-se que o seu futebol é previsível. E é. De resto ele próprio o confirmou naquela "summit" qualquer do futebol de há dias, no Porto, quando disse que o Benfica joga sempre da mesma forma.

Se "joga sempre da mesma forma", é previsível, já diria La Palisse. Assim sendo, não seria muito difícil aos adversários contrariá-lo. A verdade é que, na enorme maioria das vezes, não o conseguem. Parece-me que por razões óbvias: porque, sendo previsível, é bem estruturado e executado por jogadores de qualidade que, em condições normais, tornam imprevisível o previsível. É isso que, de resto, permite que o Benfica jogue sempre da mesma maneira, e quase sempre bem.

Roger Schemidt não poderia ter esta ideia de jogo se não tivesse estes executantes. Tendo-os, faz bem em defendê-la.

Roger Schemidt tem impedido a saída de determinados jogadores, considerados fundamentais. Apontava-se-lhe com frequência que lhe faltava comprová-lo, dando-lhes utilização. Hoje comprovou-o, e não apenas no onze inicial, onde lançou Morato, Neres e Florentino - três deles - dois dos quais com implicações posicionais na equipa. Só Florentino rendeu directamente João Neves que, ao intervalo, rendeu directamente Kokçu. Morato, a prever o próximo jogo da Champions, em Milão, com o Inter, "obrigou" Otamendi a ocupar o lugar de António Silva, no lado direito do centro da defesa. E Neres (não faz sentido os adeptos reclamarem da bancada a sua entrada, como lamentavelmente aconteceu na quarta-feira), jogando na esquerda, "enviou" João Mário para a posição deixada livre por Di Maria. Talvez lesionado, ou talvez poupado. Como fazia sentido.

Criticar as opções de Roger Schemidt não é pecado. Pecado é fazê-lo com a ligeireza "do oito ao oitenta" dos adeptos, sempre disponíveis para embarcar em processos auto- destrutivos. 

Dito isto, o Benfica não deixou milho para os pardais, lançou-se ao jogo como lhe competia e teve 25 minutos avassaladores. Como é habitual só que, hoje, sem dar tempo para os pardais aparecerem.  E tudo começou logo a correr bem, com o primeiro golo aos 5 minutos. E melhor ainda por ter sido um grande golo e marcado por Bah, um dos jogadores mais necessitados de auto-confiança. E na realidade um dos mais afastados do desempenho da última época.

Quando, aos 17 minutos, Musa marcou o segundo, já a avalanche do futebol benfiquista em Portimão justificava mais golos. É compreensível que o elevadíssimo ritmo dos primeiros 25 minutos não possa ser mantido durante todo o jogo. É normal que assim seja, e o Benfica moderou a pressão no acelerador. Só aos 27 minutos o Portimonense conseguiu fazer a bola chegar à grande-área do Benfica, já o campeão nacional tinha desperdiçado oportunidades para duplicar o marcador. Na realidade nem lá chegou, simplesmente a sobrevoou.

Ainda assim, com mais moderação, o jogo corria bonito e de feição. Com dois "se nões": a recorrente falta de eficácia (Rafa acrescentou mais dois desperdícios - aos 32 e aos 36 minutos - aos anteriores); e a lesão de Bah que, com o grande golo que marcou, tinha tudo para estabilizar emocionalmente, e logo num lugar para que a alternativa ... é Aursenes. Só porque é alternativa para tudo!

Ao intervalo Roger Shemidt fez umas inéditas três substituições: Bah, lesionado, pelo regressado Jurasék - que foi para o seu lugar na esquerda, passando o norueguês para a direita - Musa, pelo "necessitado" Arthur Cabral, e Kokçu por João Neves. Nada que fizesse baixar o nível exibicional da equipa. 

O ponta de lança brasileiro não faz o que Musa faz, não tem o mesmo impacto na pressão e na recuperação defensiva, mas nem isso era problema. E dava até indicações claras de maior entrosamento com o resto da equipa. O golo é que continua muito arredado. Chegou a parecer que seria hoje, mas não voltou a aproveitar as oportunidades de que dispôs.

E lá voltou a acontecer o que tantas vezes tem acontecido. Depois dos 10 minutos iniciais, com mais três oportunidades desperdiçadas - Rafa, Neres e Arthur Cabral -, e de uma habilidade do árbitro Helder Malheiro, que entendeu que, não assinalar uma falta sobre Rafa na meia lua, era vantajoso para o Benfica, de uma perda de bola de Neres na área adversária saiu um contra-ataque e o golo. No primeiro remate à baliza. E Trubin voltava a sofrer mais um golo sem ter uma única defesa para mostrar.

Nem deu para pensar na malapata do 2-0. Nem para lembrar como vem sendo tão frequente transformar uma goleada virtual num assustador 2. É que, no minuto seguinte, nova perda de bola, remate à queima em cima de Morato e ... más notícias do VAR. Aquilo era para penálti, disse. Música para os ouvidos de Helder Malheiro.

Pela quarta vez numa semana, e em três jogos, Trubin tinha a bola ali a 11 metros, pronta para lhe entrar na baliza. Se tinha corrido bem com o golo de Bah, melhor correu com a defesa do penálti. O guarda-redes do Benfica, acossado e pressionado por todo o lado, em autêntico bulling, defendeu. Deu o corpo às balas de tanto fogo, muito dele dito amigo, e defendeu muito mais que um penálti. 

Agora, deixem-no em paz!

E um jogo que em poucos segundos passara virtualmente de goleada a empate, voltava a poder ser o mesmo que sempre tinha sido. A tranquilidade chegara nas luvas de Trubin. O golo da dita, o terceiro, chegaria 5 minutos depois, na classe de Rafa (o que joga este rapaz, lembrem-se do Grimaldo!). Ganhou a bola a um adversário e foi por ali fora, como só ele sabe, até a entregar para a finalização de Neres.

Assunto resolvido. Faltava jogar meia hora. Muito tempo, mas apenas tempo para mais quatro (quatro!) oportunidades para ampliar o marcador. E para lhe dar, no mínimo, um ar que tivesse alguma coisa a ver com o que  foi o jogo. 

Nos resultados, este campeonato vai equilibrado. De uma maneira ou outra, mais de uma do que outra, todos vão encontrando maneira de somar 3 pontos a cada jogo. Seja preciso o tempo que for, seja precisa a batota que for. A jogar à bola é que a diferença é muito grande!  

2 comentários

Comentar post

Acompanhe-nos

Pesquisar

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D

Mais sobre mim

foto do autor

Google Analytics