Afinal ... o costume
O dérbi que tudo resolvia, nada resolvendo, tudo resolveu. E o Sporting já festeja o bi-campeonato. Porque dá tudo por resolvido, e porque tem que aproveitar - é coisa que já não lhe acontece há mais de 70 anos. Só lhes faltou irem já para o Marquês ...
Festejos antecipados à parte, fica um jogo em que o Benfica ficou aquém do que podia, e da sua obrigação; o Sporting foi a sorte do costume, pontapé para frente, e anti-jogo até vir a mulher da fava rica; e o árbitro, João Pinheiro, um fartote de vilanagem.
Poderia dizer-se que o golo do Sporting, logo aos 4 minutos, condicionou a estratégia do Benfica. Sim, mas esses tão escassos minutos já tinham dado sinais que o Benfica não estava tão afirmativo, autoritário e determinado quanto impunha um jogo que tudo decidia. E só verdadeiramente entrou no jogo com a primeira metade da primeira parte já esgotada.
Depois, a partir daí, sempre que pôde, isto é, sempre que lhe foi permitido jogar à bola, foi melhor. Só que nunca tão melhor quanto é sempre exigido ao Benfica para ganhar. E sempre longe do melhor que tantas vezes apresentou ao longo da época.
O Sporting passou a segunda parte a queimar tempo, com os jogadores no chão, a serem sucessivamente assistidos, fez um remate, e teve a sorte do de Pavlidis (fabulosa a jogada do golo, que ofereceu a Aktürkoglu, e incompreensível a sua substituição, ainda com 10 minutos para jogar) acabar com a bola no poste, em vez de dentro da baliza.
A arbitragem de João Pinheiro foi o normal. Da normal falta de qualidade dos árbitros portugueses, e da normal pressão que sobre eles é exercida, arte em que, através do domínio do espaço mediático, o Sporting é verdadeiro mestre. Não quis ver, nem ele nem André Narciso, o VAR e outro velho conhecido, o penálti sobre o Otamendi, ainda na primeira parte. Não quis dar o segundo amarelo a Hjulmand. Mas mais: bastava aos jogadores do Sporting mandarem-se para o chão para assinalar falta; os do Benfica eram violentamente pisados, ostensivamente empurrados, mas ... nada.
E foi isto "o jogo do século". Afinal, apenas o costume... O transfere disto tudo para a final da Taça, daqui a duas semanas, é o que falta ver.