Afinal o seleccionador nacional é só gerente do seleccionador nacional
Fernando Santos, o seleccionador nacional, tem o Fisco à perna.
Ao que consta criou uma empresa e, em vez de assinar um contrato de trabalho com a FPF, foi a empresa criada - a Femacosa - que assinou um contrato de prestação de serviços com a Federação. Quando pensávamos que Fernando Santos era o seleccionador nacional, estávamos enganados. Ele era apenas gerente da empresa, um homem de negócios, como se diz na gíria. O seleccionador era a desconhecida Femacosa.
Quando sabíamos que a vida tinha corrido ao seleccionador nacional, com os milhões do campeonato da Europa de 2016, não imaginávamos que pudesse não estar a correr assim tão bem a Fernando Santos, que afinal recebia apenas um salário mensal de 5 mil euros da sua empresa pelas suas funções de gerência. De que pagava o seu IRS, à taxa correspondente. Os milhões a sério que a FPF pagava è empresa eram tributados em IRC, à simpática taxa de 19 ou 20%. Coisas que a fiscalidade portuguesa trata sem grande margem para dúvidas no regime de transparência fiscal, e em especial numa cláusula geral antiabuso.
Daí que não surpreenda que a Administração Fiscal lhe esteja agora a exigir qualquer coisa como 4,5 milhões de euros de IRS por pagar. Como também não surpreende que Fernando Santos esteja a recorrer a advogados, daqueles pagos a peso de ouro, para fugir com o dito à seringa do Fisco. O seleccionador que não é seleccionador mas apenas gerente, é Santos, mas não é santinho. Por mais que o possa querer fazer crer. Santinho é só nos bonecos da Contra-informação. O que surpreende mesmo é o comunicado da FPF, entidade com o estatuto de utilidade pública, que acusa a Administração Fiscal de "violação grosseira do direito ao sigilo fiscal" e declara que "Fernando Santos não só não deve um único cêntimo à Autoridade Tributária, como nunca deixou de ter a sua situação regularizada nos termos da lei."
A verdade nem anda muito longe - se tudo tivesse permanecido em segredo, em "sigilo fiscal", todos estaríamos convencidos que o seleccionador era Fernando Santos e não a tal empresa, e tudo estaria regularizado nos termos da lei. O problema é o raio do sigilo. E outro ainda: é que Fernando Gomes, e a sua FPF com estatuto de utilidade pública, sabia que contratara Fernando Santos para seleccionador nacional mas que pagava à Femacosa. Que tanto quanto seja possível saber nem deve ter curso de treinador!