Ainda não é desta...
O PSD foi sempre, desde o originário PPD de 74, um partido onde coube tudo, uma espécie de saco de gatos. Lá se incluíam social-democratas, liberais, democratas-cristãos, para além de muita gente sem qualquer ideologia definida, que para lá foi e por lá ficou porque ... sim. E de muita gente alinhada com o antigo regime, de extrema-direita, por convicção ideológica ou por um certo saudosismo mais ou menos bacoco.
Não é fácil gerir um partido com sensibilidades tão divergentes. É possível porque é, e sempre foi, um partido de poder. Ou está no poder ou a sentir-lhe o cheiro, e isso faz o cimento que o segura.
Neste momento, o PSD não está no poder e, no fim da legislatura, não lhe cheira a poder. E, claro, as dificuldades em segurar o partido aumentam, como Rui Rio não deixa diariamente de sentir.
Santana Lopes, um histórico da direita, conservador nos valores e liberal na economia, saltou fora, e criou a Aliança. Não sei se levou muita gente consigo, e até parece que não, mas deixou lá muita gente que, vê-se pelas redes sociais, não lhe escondem o apoio. Agora é um tal de André Ventura, um produto televisivo do Correio da Manha (sem til), um populista de extrema direita que se baba com Jair Bolsonaro, que aproveitou o sucesso eleitoral do fascista brasileiro para anunciar o "Chega", um partido que, pegando no mais elementar cardápio do poulismo. apresenta como bandeiras a "prisão perpétua para homicidas e violadores", a "castração química para pedófilos", a "proibição constitucional da eutanásia" e a "proibição do casamento homossexual". Chega - chega-lhe - não é preciso mais!
Não levará também muita gente, e bem menos certamente que o opositor de Rui Rio na última disputa partidária, mas, pelo que também se tem visto nas redes sociais no apoio ao brasileiro, deixa lá também muita gente.
Daí que me pareça que ainda não seja desta, à enésima purga, que o PSD deixe de ser o saco de gatos que sempre foi!