Amplitude da ética
Uma publicação da PWC, onde há quatro décadas comecei a minha carreira profissional, conclui com alguma surpresa que, em 2018, a maioria das causas de despedimento nas lideranças das empresas teve razões éticas. Pela primeira vez foram despedidos mais CEO´s por falharem no comportamento ético do que por falharem objectivos e resultados ou por lutas de poder.
É um sinal dos tempos, e não tenho grandes dúvidas que esta é uma tendência que se irá manter. Tenho dúvidas é sobre a amplitude da ética...
Há poucos dias lia - já não me recordo onde - que o apoio de Peter Handke às atrocidades do nacionalismo sérvio no último grande conflito balcânico, não constituiu qualquer obstáculo para a Academia Sueca lhe entregar o Nobel da Literatura. Já tudo teria sido diferente se agora se soubesse que há trinta anos ele tinha passado a mão pelo rabo da secretária.
Ainda ontem foi notícia que o CEO da McDonald´s foi sumariamente despedido depois de ter sido conhecido o seu envolvimento com uma "colega de trabalho". Veio a correr confessar que foi um erro, o que não lhe valeu de nada. E que provavelmente "a colega" não terá apreciado muito...
No mundo ideal a ética deveria ser a principal fonte de regulação dos negócios, e não poderia de maneira nenhuma ficar-se pelo fait divers do rabo de saia. Mas isso é no mundo ideal. Aí também o despedido presidente da McDonald´s não teria confessado um erro mas enfatizado uma opção. E talvez nem as acções da companhia tivessem caído...