Atestado de incapacidade
Esperava-se que este jogo da nona jornada, na Luz pudesse confirmar a retoma exibicional e competitiva do Benfica, mau grado o adversário ser o Paços, de Pepa, o quinto classificado, a fazer uma excelente época e a jogar bom futebol.
Afinal o jogo só confirmou o bom trabalho que Pepa está a fazer em Paços de Ferreira. E, pelo contrário, mostrou que não há retoma nenhuma no Benfica. Que os problemas continuam todos lá, e que, pelos vistos, Jorge Jesus, em vez de os resolver, agrava-os.
É certo que o Benfica ganhou, e que voltou a virar um resultado negativo. Como certo é que o golo do Paços que cedo (24 minutos) o deixou à frente do marcador foi irregular, e deveria ter sido anulado. Pelo árbitro, Rui Costa, ou pelo VAR, o provadamente incompetente Bruno Esteves. É também certo que o Benfica teve duas bolas nos ferros, num remate de Pizi ao poste, no lance anterior ao golo do Paços, e noutro de Darwin, à barra, pouco depois do golo do empate, de Rafa. E que criou sete oportunidades claras de golo, duas delas também a seguir a esse golo.
Mas o Paços também criou quatro oportunidades de golo. E fez mais remates (15, contra 11 do Benfica) e mais remates à baliza - cinco, contra quatro. E, acima de tudo, ganhou quase todos os duelos individuais, ganhou quase todas as segundas bolas. E, no últimos minutos, quando o Benfica só tinha que carregar sobre o adversário e procurar com alma a vitória, foi o Paços que mandou no jogo.
O golo de Luca Waldschmidt, da vitória no último lance do desafio, não resultou da alma e da crença da equipa. Simplesmente caiu do céu, quando ninguém acreditava que aquele jogo pudesse ser ganho.
A partir dos primeiros dez minutos do jogo o Paços controlou o jogo, e passou a jogar de igual para igual, mostrando que basta uma boa organização em campo, ocupar bem os espaços e disputar todas as bolas para engasgar o futebol do Benfica. Tem sido assim, e pelos vistos assim irá continuar a ser, evidenciando os desequilíbrios tácticos da equipa e os do plantel. E das opções de Jorge Jesus.
Hoje, sem Grimaldo, ao que parece lesionado no aquecimento, o Benfica não teve laterais. O Gilberto até fez a assistência para o primeiro golo, e outra em que Seferovic, na cara do guarda-redes, atirou ao lado. Mas foi de uma incompetência atroz no passe e na recepção, a perder bolas consecutivamente linha lateral, ora caricatamente a deixar a bola a passar por baixo dos pés, ora a deixá-la fugir, ora a enviá-la directamente para fora. E o Nuno Tavares foi aflitivo. Quando passou do meio campo, passava ele, mas a bola não. Vinha para trás.
Sem laterais a ocuparem as faixas, restou jogar pelo meio, e ficou mais fácil para o Paços defender. Falhar passes, como falharam os jogadores do meio campo, ficou mais fácil para o Paços atacar. Foi assim neste jogo, como foi assim noutros. E como continuará a ser, por simples determinismo.