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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Benfica 3 - Tondela 0

28

Mais de 50 mil na Luz, a uma quarta-feira e a horário impróprio, para um Benfica - Tondela da primeira ronda da Taça da Liga, que agora é também os quarto de final, que apuram os quatro grandes para a as meias finais, também chamadas de final a quatro, quando não "final four".

Que comparam com os quatro o cinco mil da Pedreira (onde o Braga despachou o Santa Clara por 5-0), e com os 20 mil de Alvalade, em tempo de Sporting gordo que, com uma equipa de segundas linhas e muita rapaziada nova, despachou o Alverca por 5-1. Nisto o Benfica é de outro campeonato, ninguém tem dúvidas.

Nisto de comparações é, no entanto, quase impossível fugir a uma outra, já com mais a ver com o que se joga dentro das quatro linhas do campo. É que no passado domingo, há três dias apenas, houve que tivesse visto o Sporting jogar com este Tondela, lá pela zona de Lafões. Eu vi. Não era este mesmo Tondela, porque Ivo Vieira, o treinador madeirense agora em terras da Beira, mudou 10 jogadores. Não terá utilizado agora os melhores, mas também não fez grande diferença. Grande diferença houve mas foi naquilo a que o adversário o obrigou. 

José Mourinho não brincou em serviço, e poucas alterações fez àquilo a que já se pode chamar o seu onze. Mudou o guarda-redes, mas isso é já da praxe. E não seria Samuel Soares a fazer qualquer diferença. E trocou Rios por Leandro Barreiro, e Pavlidis por Ivanovic. Com Dedic ainda de fora, lesionado, nem sequer dispensou Aursenes da função de lateral direito. Por isso utilizou Schjelderup na esquerda, sem que se pudesse ainda dizer - agora parece que sim - em vez de Prestiani.

Mas nem assim a equipa conseguiu entusiasmar ninguém, e repetiu-se o que se tem visto: equipa sem dinâmica ofensiva, sem velocidade, sem intensidade, sem rematar, e a deixar passar o tempo, à espera que seja ele, e não eles, a resolver as coisas. Em contraste flagrante com o que vemos nos nossos rivais.

Já com o intervalo à espreita, o - a, no caso, Cláudia Ribeiro - VAR descortinou um penálti, que os jogadores do Benfica reclamavam, e que o árbitro, Carlos Macedo, confirmou depois de observar as imagens, desbloqueando-se assim o que a equipa não conseguia desbloquear. Fosse por ser dia de celebração (250 jogos pelo Benfica) de Otamendi, fosse pelo exemplo que é - que Mourinho tinha voltado a enfatizar -, fosse mais um sinal para Ivanovic, a responsabilidade da conversão foi entregue ao capitão, que resolveu com mestria.

Pareceu que o intervalo tinha servido para Mourinho espevitar aquela gente, e a verdade é que o início da segunda parte parecia prometer outra coisa, melhor que o que se tinha visto. Parecia, porque logo a abrir, numa jogada como até então ainda se não tinha visto - excelente recuperação de bola de Schjelderup, que entregou a Barreiro, deste para Lukebakio que, num espectacular toque de calcanhar, assistiu Sudakov para um remate extraordinário de força e colocação - o Benfica fez o segundo golo.

Aconteceu então algo de verdadeiramente insólito. Durante mais de 5 minutos o jogo esteve parado à procura de qualquer coisa de que ninguém se tinha apercebido. Ninguém nas bancadas, e ninguém no relvado. Nem árbitro, nem assistentes, nem jogadores ... No fim, do VAR, veio a inacreditável notícia de fora de jogo de Lukebakio. Minutos depois, viriam as imagens a revelar ... fora de jogo por 1 centímetro!

Não é o ridículo do centímetro único. É a falta de vergonha, já que na própria imagem se vê Lukebakio atrás da linha, e atrás do defesa adversário, por quem está até completa e totalmente coberto.

Durante toda aquela espera os jogadores devem ter-se esquecido do que ouviram ao intervalo, e regressaram à toada da primeira parte. Obviamente com os mesmos resultados. 

Então o tempo passava sem resolver nada mais que não fosse lembrar às bancadas Santa Clara e Rio Ave. Às bancadas e a José Mourinho, que por isso achou melhor lançar Pavlidis (saiu Ivanovic), Prestiani (saiu Schjelderup) e Rios (saiu Sudakov). 

Pouco depois de ter entrado Rios tirou da cartola um coelho como ainda se lhe não tinha visto e, de bandeja, ofereceu o golo a Lukebakio. Faltavam 10 minutos, e era finalmente a tranquilidade. Já dentro dos 6 minutos de compensação Pavlidis fecharia o marcador. Ironicamente numa expressão exactamente igual à do tal jogo do passado domingo, em Tondela. O da comparação!

Tinha dito aqui, a propósito da exibição no último jogo, com o Arouca, que tínhamos de nos conformar, que não dava para esperar muito mais e que se vira "provavelmente o melhor que o futebol de Mourinho tem para nos dar". Quatro dias depois, este jogo confirma-o!

Como aqui referia no momento da sua contratação, não esperava de Mourinho "um futebol empolgante" ... "uma equipa demolidora, capaz de arrasar todos os adversários, goleadora, a espalhar perfume pelos relvados". Esperava "uma equipa rigorosa e competente, com jogadores empenhados, e capaz de, a bem ou a mal, ganhar". E tinha a certeza da mais valia da comunicação de José Mourinho. 

Mourinho não está a desiludir. Pelo contrário, confirma tudo isso. E mesmo quando não se confirma  o rigor e o empenho dos jogadores, ele próprio o denuncia. Não é como tantos - diria mesmo, todos - treinadores que vêm jogos que ninguém vê. Não, ele vê o mesmo jogo que nós. E isso é o seu grande capital.

Vemos - claramente visto - que os jogadores vêm, cada vez mais, parecendo piores do que quando chegaram. Já vinha de Bruno Lage. Temos que fazer um grande exercício de memória e de análise para nos lembrarmos de um jogador que Bruno Lage tivesse claramente valorizado. Olhamos para Rios, Enzo, Sudakov, e Ivanovic e não temos grande dúvida em afirmar que parecem hoje piores que quando, há três ou quatro meses, chegaram. Dos mais de 100 milhões de euros acabados de investir em meia dúzia de contratações, ao dia de hoje, somos capazes de achar que se salvam Dedic e Lukebakio. Este ainda com o peso de fazer esquecer Di Maria.

Pois. Até neste quadro desolador o carácter de Mourinho nos deixou ontem ver uma luz no fundo do túnel. Disse ele, na conferência de imprensa, isto, sem tirar, nem pôr: "Aqueles que acreditam na minha filosofia, no meu método, na minha liderança, no meu trabalho, melhoram. E melhoram para níveis que tinham por inatingíveis. Os outros, pioram".

Nesta declaração, nesta precisa altura, está tudo o que é preciso. É qualquer coisa de fantástica. É Mourinho!

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