BENFIIIICAAAA!
Grande jogo, grande exibição e uma vitória enormíssima. Foi isto que o Benfica logrou esta noite, numa das maiores quartas-feiras europeias da Luz. Como há muito se não via. Como muitos benfiquistas talvez nunca tivessem visto.
Deste jogo só fica um sabor amargo, mas esse não tem nada a ver com o que aconteceu esta noite na Luz. Tem a ver com o que aconteceu há duas semanas, em Kiev. O sabor amargo que veio do jogo na Ucrânia cruza-se com o doce hoje. Com os três pontos incompreensivelmente não soube trazer do jogo com o Dínamo, o Benfica teria nesta altura 6 pontos, e estaria muito provavelmente a quatro do apuramento. No máximo, e em quatro jogos!
Não ofusca, evidentemente, o brilho desta vitória sobre o Barcelona. Como a não menoriza tudo o que se quiser dizer, exactamente com esse objectivo, sobre o momento actual do gigante catalão. Portanto, sem espinhas, uma grande vitória!
O Benfica não poderia ter entrado melhor no jogo, com cinco minutos infernais, e com o golo de Darwin logo aos dois minutos. Um golo madrugador, mas não acidental. Resultou da atitude da equipa, da confiança com que entrou na partida, e da estratégia adoptada para o jogo. Como se viria a ver depois, o ataque àquela posição defensiva do Barcelona era estratégico, e repetiu-se várias vezes ao longo do jogo. Com Darwin, mas também com Yaremchuck.
A partir dos 10 minutos o Barcelona conseguiu começar a equilibrar o jogo e a impor o seu futebol, à sombra do invisível Busqets, mas sob a batuta do regressado Pedri. E como ele faz a diferença. Com ele em campo, o Barcelona é outra equipa. Com a subida de produção da equipa catalã veio ao de cima a superior organização defensiva do Benfica. E a categoria e a entrega de todos os jogadores, sem excepção.
O jogo entrou em ritmos altíssimos, com o Benfica sempre a responder, sem constrangimentos nem medos. Disputando todos os duelos e ganhando-os praticamente todos, e com Rafa a lançar o pânico sobre o meio campo do Barcelona. À meia hora o jogo poderia ter ficado logo sentenciado, com dois erros graves do árbitro seguidos, na mesma jogada, ao perdoar a expulsão a Piquet e um penalti sobre Darwin, ostensiva e claramente empurrado dentro da área.
Ao árbitro teria cabido assinalar o penalti, e advertir o defesa catalão com o segundo amarelo, pela entrada sobre Rafa em que, bem, tinha aplicado a lei da vantagem. Em vez disso amarelou Otamendi, por veemente protesto. Logo que o jogo foi interrompido Ronald Koeman fez o que o árbitro não fizera, mas que tudo apontava para que tivesse de vir a fazer, e tirou ele próprio Piquet do jogo, substituindo-o por Gavi, outra estrela em ascensão da formação blau grana.
O Barcelona beneficiou muito com esta substituição, já que recuou Frenkie de Jong para central, e isso fez toda a diferença no início da construção. Pela qualidade do internacional holandês, e pelo que isso baralhou a pressão alta do Benfica, e daí que o últimos dez minutos da primeira parte tenham acabado por ser o melhor período do Barcelona, e quando mais e maiores dificuldades colocou ao Benfica.
Já em cima do intervalo, Valentino - finalmente, embalado pela exibição de toda a equipa, a a convencer os adeptos - lesionou-se e foi substituído por Gilberto, que acabou por fazer o aquecimento ao intervalo.
Na segunda parte o Benfica voltou a entrar bem, ficou por cima do jogo e nunca mais de lá saiu. Poderia ter chegado ao segundo golo tão cedo como na primeira, naquela bola ao poste do Darwin. Chegaria 20 minutos depois, depois de mais uma brilhante jogada de futebol, culminada numa triangulação entre Yaremchuk e João Mário dentro da área, e com a recarga fulminante, e de classe, de Rafa à sacudidela de Ter Stegen.
Então sim, aí o Barcelona caiu a pique e, já sem Busquets (também amarelado) e Pedri, exausto, mas con Ansu Fati, regressado no passado domingo com 10 minutos de sonho, passou a ser pouco mais que uma equipa banal. Dez minutos depois o Benfica marcaria o terceiro, num penalti que toda a gente viu menos, mais uma vez, o árbitro. Só que desta não havia como fugir ao VAR. Foi ver as imagens e apontou para a marca, para Darwin converter com classe, e tornar-se no homem do jogo.
Estava escrito que o Barcelona não acabaria o jogo com onze, por muito que Koeman fosse substituindo os jogadores amarelados. Mas eram tantos, tantas foram as faltas que tiveram de fazer, e ainda só há cinco substituições... E já bem perto do minuto 90, com a equipa completamente derrotada, calhou ao central Eric Garcia.
E foi assim, com um Barcelona destroçado pela exibição do Benfica, que se fez História na Luz, esta noite. Só por uma vez havia ganho ao Barcelona. Tinha acontecido há 60 anos, em Berna. Na primeira Taça dos Campeões Europeus do Benfica!