BEScândalo
Por Eduardo Louro
Não foi só em Espanha que, ontem, um rei abdicou. Também em Portugal o rei abdicou!
A diferença é que, em Espanha, rei abdicado – não é morto, com a natural satisfação do próprio – rei posto. Ricardo Salgado reinou em Portugal durante as duas últimas décadas, com bem mais poder que Juan Carlos, em Espanha. Foi o homem mais poderoso do nosso país, coisa que o monarca espanhol esteve longe de ser no seu…
E enquanto o espanhol entregava a coroa ao seu filho herdeiro, o reinado do português pode ter morrido com ele. Não tanto por falta de sucessor, mesmo que um sucessor imposto, a abrir outra dinastia no reino do divino Espírito Santo, mas porque toda a idoneidade da divindade se afundou com ele.
Ao contrário dali ao lado, aqui, as caçadas, os golpes e as traições impediram a assinatura do decreto de sucessão. O Banco de Portugal não aceitou o papel a que vezes de mais se tem prestado – assinar por baixo!
Não falta agora apenas saber quem sucederá a Ricardo Salgado. Falta acima de tudo saber se, não se tendo salvo a si próprio, salvou pelo menos o banco. Tudo o resto que possa faltar ainda saber interessará porventura às revistas cor-de-rosa. E – como diz a outra – isso agora não interessa nada!