Bola para os vidros
O ritual de dramatização está aí, como se esperava. Ou não fosse um ritual.
Mais cedo, mais coreografado, e com uma nova (velha) personagem em palco - o Presidente Marcelo, evidentemente. E como ele gosta de palco, como gosta de grandes planos, como gosta de ser o primeiro ...
Podia ter esperado mais uns dias, ou umas semanas. A procissão ainda vai no adro e muitas são ainda as cenas por gravar. Tinha tempo para esperar calmamente pela sua vez, e se ela não chegasse não se perdia nada. Mas não, assim que a apanhou uma bola perdida, ali a saltar à frente, chutou-a com força.
Deslumbrado com a execução do pontapé, ali ficou em auto-contemplação, desligado de tudo. A bola, essa, seguia a toda a velocidade direitinha às janelas da vizinhança. Quando deu por si viu-se o ar de miúdo traquina a vibrar com os vidros a estilhaçados ali à volta...