Brasil 2014 XX - Emoções fortes
Por Eduardo Louro
Holanda e Costa Rica formam já o próximo par para os quartos. Fala-se do mundial de futebol, bem entendido…
No terceiro jogo dos oitavos de final a Holanda afastou o México (2-1) num grande jogo de futebol, entre duas equipas que sabem jogar à bola, orientadas por gente que sabe do ofício. Especialmente do lado holandês!
Esta foi uma vitória da selecção holandesa, mas tem o dedo inconfundível do próximo treinador do Manchester United. A Holanda apresentou-se no seu novo formato, no 5-3-2 que fez moda neste mundial, mas foi o México, com idêntica disposição, que mandou no jogo, com o portista Herrera, seguramente merecedor do troféu – se não o houver podia criar-se – para o mais deselegante e inestético jogador do mundial, como motor.
Os mexicanos distribuíam-se bem pelo campo, roubaram todos os espaços aos holandeses, e impuseram a sua dinâmica, assente na tão inegável quanto insuspeita categoria de jogador do Porto. Tirar o espaço a Robben e Van Persie é como tirar-lhes o ar: sem ar não respiram, como qualquer um de nós, sem espaço não jogam. Pronto: jogam pouco, são - foram -peças perdidas lá na frente!
Foi assim durante mais de uma hora, – mesmo que pelo meio, mesmo no fim da primeira parte, o Pedro Proença tenha deixado por assinalar um penalti claríssimo sobre o Robben – o tempo que o México precisou para marcar, logo no arranque da segunda parte (3 minutos), mais o que Van Gaal terá demorado a preparar a mudança.
Se não havia espaço para Van Persie, o melhor seria tirá-lo. E colocar alguém lá na área mais posicional e fisicamente forte. E mais fresco. Já para Robben, o melhor seria ele procurá-lo. É um jogador fundamental, e então foi para a ala direita procurar - e encontrar - o espaço que noutras zonas sempre lhe faltou. E abrir o jogo pela direita, porque para o abrir do lado contrário entrou o miúdo Depay. À medida que tudo isto ia acontecendo, e já dentro do quarto de hora final, De Kyut saiu da esquerda, desfazendo o cinco, e subiu para a área, para junto de Huntelaar, o tal que entrara para substituir Van Persie.
O resto é a emoção do futebol, com Sneijder a fazer o empate a dois minutos do 90, e Huntelaar, na conversão de um penalti - que o árbitro português assinalou para fazer a vontade a Robben - a consumar a reviravolta a outros dois minutos dos 6 de compensação.
O adversário da Holanda nos quartos de final saiu do confronto entre a Grécia e Costa Rica, duas das surpresas destes oitavos, com os centro-americanos na figura de surpresa maior deste mundial. E pode dizer-se que lhes calhou o pior adversário possível para reforçarem o estatuto!
Porque a Grécia é, como se sabe, um adversário matreiro, que nunca se expõe e que espera pela presa como o melhor dos caçadores. Mas acima de tudo porque eliminá-la não seria sequer surpresa!
O jogo foi fraquinho na primeira parte, se bem que com mais Costa Rica, mas muito intenso depois. Logo no início (7 minutos) da segunda parte a Costa Rica marcou - o árbitro negar-lhe-ia, no minuto seguinte, um penalti que poderia ter dado o 2-0 - mas já contra a chamada corrente do jogo. A Grécia, que já estava por cima, tomou notoriamente conta do jogo a partir do momento em que ficou em superioridade numérica (66 minutos) por expulsão – segundo amarelo – de um jogador centro-americano. Foi já no período de compensação que acabou por chegar ao golo. E ao empate. E ao prolongamento!
Que foi de um enorme sofrimento para os jogadores de ambas as equipas. Mais penoso para os da Costa Rica, mais de uma hora com um jogador a menos... A Grécia foi então ainda mais dona do jogo, mas não marcou. E lá vieram os penaltis!
Ao contrário do que sucedera no desempate entre o Chile e o Brasil foi um festival da arte de bem marcar penaltis. Falhou um, o grego Gekas. Melhor: defendeu, muito bem, o guarda-redes Navas, o homem do jogo (na foto) que, diz-se por aí, está a caminho de Portugal. E Fernando Santos, que foi expulso no intervalo para a marcção dos penaltis, também vem para casa. Mas com o dever cumprido!