Brasil 2014 XXVII - E o burro sou eu? Evidentemente!
Por Eduardo Louro
A diferença entre os 7 a 1, da passada terça-feira, e os 3 a 0 deste jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares, é a mesma que vai da selecção para a holandesa. Exactamente!
O que desde logo quer dizer que o tal resultado histórico, que deixou o Brasil inteiro em estado de choque, só foi extraordinário por ser invulgar. Não tem nada de acidental!
Bastaram dois minutos de jogo para se perceber isso. Para perceber que a selecção brasileira estava a repetir exactamente o que tinha mostrado contra a Alemanha. Quando vimos a forma desorganizada como o Brasil entrou a pressionar, e o espaço que deixava nas costas da sua defesa, percebeu-se que a receita de Scolari era a mesma. E que, portanto, não só não tinha aprendido nada, como não tinha percebido nada do que lhe tinha acontecido.
E, como diz a canção, vem-nos à memória uma frase batida: … e o burro sou eu?
Se contra a Alemanha a ilusão ainda durou onze minutos, agora, contra a Holanda, bastaram dois. Vale a pena recordar: os jogadores brasileiros corriam atrás da bola que nem baratas tontas, numa pressão disparatada que obrigou os jogadores holandeses a atrasar a bola para o guarda-redes, que de imediato a colocou à entrada do meio do campo brasileiro. Van Persie ganhou de cabeça e colocou a bola em Robben, na sua praia, com aquele espaço todo livre. Foi por aí fora até Thiago Silva o derrubar, quando seguia isolado frente a Júlio César. Penalti – má, mas compreensível decisão de um mau árbitro, o argelino Djamel Haimoudi; incompreensível foi o cartão amarelo em vez do vermelho ao capitão brasileiro – e golo!
No fim do primeiro quarto de hora veio 0 2 a 0, e o terceiro só surgiu já no período de compensação porque - lá está - a Holanda não é a Alemanha. Porque o jogo do Brasil foi a mesma anarquia de jogadores que, sem saber o que fazer, marcavam encontro uns com os outros no sítio onde a bola se encontrasse. O resto era pontapé para a frente!
E foi este o Brasil que Scolari teve para apresentar, esgotada que foi a única fórmula que o homem domina – a motivação emocional de trazer por casa, de raiz populista. Que, aliada a umas arbitragens simpáticas – que hoje se repetiu, mesmo numa arbitragem deplorável, das piores de uma competição onde o nível geral foi fraco – lhe permitiu chegar às meias-finais. Onde era a pior equipa, mas também já o era nos quartos. Onde já não merecera ter chegado!
Foi, curiosamente, o primeiro terceiro lugar da Holanda num mundial. É habitué das meias-finais dos mundiais, mas nunca ganhara o último jogo. Sempre que chegou à final perdeu, como sempre também perdera quando lá não tinha chegado… Até hoje!
Falta-lhe agora ganhar a outra, a final. Ao Brasil falta-lhe agora tudo. Se calhar até jogadores… Quem diria?