Brasil 2014 XXVIII - E no fim ganhou a Alemanha...
Por Eduardo Louro
Pelo que se tinha visto, ninguém imaginaria as dificuldades por que a Alemanha iria passar nesta final. À superioridade patenteada pelos alemães ao longo da competição juntavam-se as vantagens de mais um dia de descanso e de um muito menor dispêndio de energias para chegar à final. Enquanto a Argentina, para aqui chegar, teve o desgaste de um prolongamento, e até dos penaltis, com a Holanda, a Alemanha, à meia hora de jogo tinha tudo tratado com o Brasil. Acresce ainda que, com o tipo de jogo da selecção alemã, com muita posse de bola, eram os jogadores argentinos que mais tinham de se desgastar a procurá-la.
Mas, mesmo com dificuldades inesperadas, ganhou. Foi preciso esperar pelo minuto 22 do prolongamento para que Gotze, que tinha entrado para jogar o prolongamento apenas na segunda substituição alemã, – e a primeira tinha sido logo aos 30 minutos de jogo por lesão de Kramer, que substituira Khedira (que falta fez!), lesionado no aquecimento – fazer o golo (na imagem), magnífico deve dizer-se, que garantiu o primeiro título de uma selecção europeia no continente americano.
Ganhou a Alemanha, como toda a gente esperava, mas também podia ter ganho a Argentina. Que fez um campeonato em crescendo, de menos para mais. Ao ponto de hoje ter podido discutir o jogo, e até ganhá-lo. Mesmo que na verdade a melhoria da equipa fosse especialmente notória na forma como defendeu e se defendeu. Mesmo com um processo ofensivo rudimentar, ficou a ideia que, com Di Maria, esta Argentina daria ainda outra resposta mas, acima de tudo que, com Messi perto do seu nível – de facto, e não na visão enviesada da FIFA, que lhe atribuiu o troféu de melhor jogador da competição – seria campeã do mundo!
Muito se bateu aqui no seleccionador argentino. Alejandro Sabella teve a virtude de não ser tão teimoso quanto Paulo Bento ou Scolari, mas nem assim deixou de cometer erros que porventura este segundo lugar, atrás de uma grande equipa como é a Alemanha, irá esconder. Não se saberá que culpas terá – se é que tem alguma – na má condição de Aguero e no sub rendimento de Messi. Mas tem-nas nas ausências de Gaitan e de Tevez, e na falta de um modelo de jogo conforme com o talento de que dispõe.
Ganhou a Alemanha, que foi a melhor equipa do campeonato e é actualmente a melhor selecção do mundo, confirmando - paradoxalmente - a regra da continentalidade: na Europa ganham os europeus, na América ganham os americanos. É que, com este título, a Alemanha é a excepção que confirma a regra. Como foi o Brasil em 1958, na Suécia!