Cá pelo Sul, hoje é dia de governos novos ...
Em Espanha, o governo de Rajoy caiu. Resistiu a tudo, até à desastrada gestão do dossiê Catalunha, onde as vagas de prisões mais fizeram lembrar a ditadura franquista, mas não resistiu à podridão interna. É quase sempre assim na política, nos regimes como nos governos: apodrecem e caem, por si.
A corrupção - Rajoy puxou do curioso argumento que a existência de corruptos no PP não faz do PP corrupto - teria de levar Rajoy à única saída possível: a demissão. Como não quis sair pelo próprio pé, saiu empurrado pela moção de censura do regressado Pedro Sanchez, que vai agora formar governo. Sim, porque o regime espanhol pode ter muita coisa má, mas não brinca às moções de censura. Quem censura tem de ter alternativa de governo!
E o PSOE tinha. Nem que para isso tivesse de garantir que mantinha o Orçamento (Presupuesto) em vigor, que o PP tinha negociado com o Partido Nacionalista Basco para, garantindo-lhes as vantagens adquiridas, garantir o seu voto. Coisa que, curiosamente e para percebermos a informação que recebemos, levou a RTP a dizer que o novo governo do PSOE garantia os pressupostos da governação do PP.
Também de Itália chegam notícias interessantes. A democracia de geometria variável da UE tinha levado o Presidente italiano, no início da semana, a recusar o o nome de Paolo Savona, dito eurocéptico, para a pasta da economia e finanças do governo apresentado pelos partidos mais votados, e a voltar (já o tinha feito com o governo de Mario Monti) a ignorar os resultados eleitorais, encarregando um ex-quadro do FMI (tinha de ser) de formar governo. Alguém lhe explicou - a ele e ao comissário alemão que lhe dava as ordens - que era capaz de não ser uma grande ideia: o governo não passaria no parlamento e teria de voltar a eleições, que só reforçariam os mesmos dois partidos de que ninguém gosta.
E num instantinho tudo voltou atrás. Hoje já vai haver governo e ... vá lá ... o primeiro-ministro Giuseppe Conte, para que o presidente não perdesse de todo a face, passou Paolo Savona para a administração interna.
E pronto, lá estão dois governos novos no mesmo dia, nas terceira e quarta maiores economias cá do clube.