Capturado na própria teia
Por Eduardo Louro
Com tantas datas para marcar as eleições, Cavaco marcou-as para 4 de Outubro. Provavelmente porque não tinha um calendário à mão, não reparou que lhe sucede o dia 5 de Outubro. Porque já não é feriado, não lhe passou pela cabeça que comemora a implantação da República...
Como se tudo isto não bastasse, ontem, em Nova Iorque, disse que já tinha tudo decidido sobre o que iria fazer no dia 5 de Outubro: "Quanto ao dia 5, eu estou com muita tranquilidade, sei muito bem aquilo que irei fazer..." Hoje, de Belém, vem a nota que "Dado o atual momento político, o PR tem que se concentrar na reflexão sobre as decisões que terá de tomar nos próximos dias. Desta forma, não poderá estar presente na cerimónia comemorativa da Implantação da República".
Como se ainda não bastasse ter anunciado que tinha tomado decisões sobre acontecimentos que ainda não ocorreram, num dia diz que tem tudo decidido e, no seguinte, que tem de se concentrar na reflexão sobre as decisões que disse já ter tomado.
Mas como para Cavaco nada basta, ainda sobra espaço para dizer que, no fundo... no fundo, é apenas para para não falar da situação política.
No fundo... no fundo é mais do mesmo. É Cavaco sempre capturado pelas teias que ele próprio tece.