Champions? Mais do mesmo ...
Sem brilho, e com muita angústia, esta a estreia do Benfica na fase de grupos da Champions, em Kiev.
Quase que dá para dizer que, não fosse o hino que se ouviu no início, este mais pareceu um jogo da liga nacional. Já cá vimos muito do que hoje se viu no Olímpico de Kiev, com o Benfica instalado no meio campo do adversário, com este a esperar por um contra-ataque, ou por um erro qualquer que lhe permitisse chegar à baliza de Vlachodimos. Com muita circulação de bola, muita posse, mas poucos lances realmente bem construídos, e poucas oportunidades claras para marcar. Muita parra, para pouca uva!
A primeira parte foi isso, a segunda foi ... pior.
Na primeira parte faltou agressividade, assertividade, velocidade e intensidade ao Benfica. O resto esteve lá, mas o resto é muito pouco. E para a Champions é nada. Sobrou um jogo entretido, como lhe chamaria o Quinito, onde Weigl e João Mário mostravam a sua capacidade de recuperação e de circulação, a defesa cumpria, Grimaldo e Rafa faziam por provocar desequilíbrios na organização defensiva da equipa ucraniana, e Everton e Yaremchuk … andavam por lá.
O Benfica tinha o adversário - o mais fraco do grupo, como bem se sabe - à mercê, e uma oportunidade única de ganhar um jogo ... que só tinha que ganhar. Mas não soube, nem revelou competência para o ganhar.
Depois veio a segunda parte, que até começou exactamente no mesmo registo. Só que, se as coisas não estavam bem, com as substituições que o treinador promoveu, logo ao fim do primeiro quarto de hora, pioraram. A superioridade do Benfica, mesmo que estéril, esfumou-se e o Dínamo de Kiev, mesmo que apenas com um terço de posse de bola final, passou a dividir e a discutir o jogo em pé de igualdade.
Quando Jorge Jesus retirou do campo Everton e Yaremchuk apenas fez o que tinha de ser feito. Já a ideia de retirar o Gilberto não ficava lá muito fácil de entender, mas ele é que sabe… O problema foi os que escolheu para entrarem: Darwin e Radonjic - uma estreia na equipa - não eram para "aquele" jogo. E, no que mostrou na estreia nos Açores, e voltou hoje a mostrar, Valentino Lázaro, não é, por muito que seja difícil de acreditar, melhor que Gilberto.
Com um jogo em que o adversário defendia em bloco baixo, sem dar condições para o Benfica explorar a profundidade, Darwin e Radonjic, que vivem disso, ficaram sem ar para respirar. E, sem condições para ajudar a resolver os problemas que a equipa tinha pela frente fizeram, ambos e qualquer um deles, bem pior que o pouco que tinham feito os que saíram.
Aquela ideia que, com paciência, aquele tipo de futebol da primeira hora do jogo poderia dar num golo morreu. A partir daí só um golpe de fortuna o poderia dar. A qualidade de jogo, não.
As últimas substituições aconteceram já no final do jogo. Primeiro, a 5 minutos dos 90, mais um disparate (João Mário por Taarabt) e, depois, já mesmo aos 90, entrou Pizzi, por lesão de Rafa, um autêntico saco de pancada, perante a condescendência do inglês Anthony Taylor. Que deu apenas 3 minutos de tempo extra, consumidos na assistência ao Rafa, num jogo com as 10 substituições regulamentares.
O que nos parecia pouco rapidamente se tornou numa eternidade. Os ucranianos tinham afinal decidido apostar tudo nesse período de compensação, e os 3 minutos foram mais que suficientes. Um sufoco, aqueles três minutos. Duas bolas nos ferros (no mesmo lance, com um remate à trave e, no ressalto, o corte de um defesa do Benfica para o poste), três grandes defesas do Vlachodimos, e … um golo.
Valeu o VAR - porque a equipa de arbitragem em campo tinha-o validado - para impedir uma injustiça daquelas em que o futebol é fértil. Mas nem sempre o futebol é assim tão injusto quanto o pintam. Às vezes há injustiças que são apenas a justiça de penalizar quem, no fim de tudo, até merece ser penalizado.
O treinador do Benfica dissera, antes do jogo, que era para ganhar. Ao Dínamo de Kiev, ao Bayern e ao Barcelona, que são todos iguais. No fim, disse que o Benfica tinha feito um grande jogo…