Coisas do diabo
A vitória de Rui Rio começou de imediato a produzir efeitos. Ou, talvez melhor, declarações.
Primeiro foi Manuela Ferreira Leite, a quem muita esquerda começara a afeiçoar-se, a dizer que o "PSD deve vender a alma ao diabo para pôr a esquerda na rua". Nem sei o que mais impressiona - se o balde de água gelada que despejou em cima dos seus mais recentes camaradas, se a dificuldade de o PSD se libertar do diabo. Se, chamado por Passos, não veio, pode ser que venha agora para lhe ficar com a alma. Comprando, é claro...
Depois, logo a seguir, veio Assunção Cristas dizer que “mais importante do que saber quem fica em primeiro lugar nas eleições, o que é importante é saber que partidos é que é que conseguem ter uma maioria parlamentar de, no mínimo, 116 deputados”. Aqui sei bem o que mais impressiona. Mais que o reconhecimento da legitimidade do actual governo, e o abandono de Passos, deixando-o sozinho na tese da usurpação do poder, mais que mais um negócio de alma com o diabo, impressiona que esta declaraçao não tenha impressionado a generalidade da comunicação social.
Mais que desviarem-se desta declaração como quem se desvia de qualquer coisa sem importância, abandonada na beira da estrada, fugiram dela como o diabo foge da cruz!