Com arbitragens miseráveis. Mas sem atenuantes!
Em jornada de festa, com o penta da equipa feminina de futebol, homenageada ao intervalo, mas a dividir o palco com Micoli, na volta olímpica, e ainda com os parabéns a José Augusto, o Benfica entrou na Luz, cheia, a abarrotar, e cheia de sol e de fervor benfiquista, com o mesmo onze do Dragão.
Mas foi só isso que o Benfica trouxe do Dragão: os mesmos onze, e as mesmas camisolas. Não trouxe nada de tudo o resto que lá apresentou.
A primeira parte mostrou jogadores desinspirados, mas também pouco dispostos a transpirar muito. A equipa não teve nada a ver com o que vinha sendo. Aquela equipa mandona, com uma dinâmica de jogo consolidada, e intensa nunca apareceu.
Foi tudo muito lento e mastigado, a permitir ao Arouca, bem organizado, resolver os poucos problemas que o Benfica lhe colocava. Cortava facilmente as linhas de passe, interceptava todos os cruzamentos e tinha até tempo para cortar bolas em cima da linha de golo.
É certo que, ainda assim, o Benfica poderia - e até merecia - ter chegado ao intervalo na frente do marcador. Em duas ou três oportunidades, sem considerar as que, por mérito próprio, ou demérito alheio, o adversário anulou, poderia ter marcado. Na mais flagrante, depois de um excelente trabalho dentro da área, Pavlidis rematou ao poste.
Ao intervalo Bruno Lage teria de mexer na equipa. O jogo do Benfica teria de ser agitado, havia demasiados jogadores demasiado desinspirados. E havia muito por onde, e havia até memórias frescas de jogadores que se mostraram na quarta-feira. Que mostraram vontade, e que são solução.
Surpreendentemente Bruno Lage deixou tudo na mesma. O Arouca é que não, e arrancou para a segunda parte a mostrar que, para aquele Benfica, tinha outra resposta que não apenas defender. E a preocupação começou a instalar-se nas bancadas da Luz.
Quando, ao quarto de hora, depois de uma grande arrancada de Carreras, e assistido por Aursenes, Kokçu marcou - grande golo! - pensou-se que estaria quebrada a resistência arouquense. O mais difícil estava feito.
E estaria ... se ... Se logo no minuto seguinte Aktürkoglu, isolado, tem evitado rematar contra o guarda-redes. Se Di Maria não tivesse escandalosamente rematado para fora na recarga. Ambos na expressão máxima da falta de inspiração. E se, cinco minutos depois, o velho conhecido António Nobre não tem inventado um penálti para o Arouca.
Ontem, em Ponta Delgada, o árbitro Cláudio Pereira - a sua nomeação para esse jogo é bem demonstrativa do que para aí vai - perdoou ao Sporting um penálti do tamanho do Pico. E o Sporting ganhou. Ontem, no jogo com o Santa Clara, o VAR fez que não era nada com ele. Hoje, na Luz, António Nobre assinalou um contra o Benfica que nunca existiu. O VAR viu, e disse-lhe que não, que aquilo não era penálti em parte nenhuma do mundo. Mas o árbitro teve a lata, e a pouca vergonha, de o justificar com um "rasteira com a cabeça" de Otamendi. "Rasteira com a cabeça"?
Logo a seguir Di Maria foi empurrado na área do Arouca. Nada, disse ele. Mais tarde, já mesmo sobre o apito final, Schjelderup foi ensandwichado e impedido de disputar a bola e, de novo, nada.
Com o empate, Bruno Lage mexeu finalmente na equipa, com as entradas de Belotti e Schjelderup para os lugares de Florentino e do apagado Di Maria, acabado de ser empurrado dentro da área adversária. E logo a seguir, finalmente, ao enésimo, um canto cobrado com algum nexo, com Pavlidis a surgir a marcar, ao segundo poste.
Era desta, suspirou-se na Luz. Que logo a seguir festejava o terceiro. Por pouco tempo, Schjelderup estava fora de jogo. De seguida Belotti, Schjelderup e Otamendi desperdiçaram ocasiões flagrantes. E Bruno Lage repôs o meio campo, substituindo Pavlidis por Leandro Barreiro. E trocou Aktürkoglu por Bruma.
Para nada. Nos últimos minutos do período de compensação, incompreensivelmente, a equipa não conseguiu segurar a bola. E no último suspiro do jogo, no sexto dos sete minutos de tempo adicional, depois de uma perda de bola no ataque, com a equipa completamente descompensada, um contra-ataque acabou no golo empate.
É inaceitável este empate, a quatro jogos do fim. Perder nesta altura pontos em casa, com o Arouca, no último minuto do jogo, não pode ser aceitável. O escândalo das arbitragens é revoltante, mas não é atenuante. Até porque não é a primeira vez que a equipa escorrega depois de uma vitória exuberante. Nem a primeira vez que falha logo depois de chegar à liderança. Quando a equipa empurrava a onda vermelha, e esta a equipa para a conquista do campeonato, este empate representa uma grave quebra de confiança.
Agora é a sério. Nem mais um ponto pode ser desperdiçado!