Como o feitiço se virou contra o feiticeiro...
Mês e meio depois depois das eleições, desta vez na segunda terça-feira de Novembro porque na primeira era feriado - e para os americanos os feriados são para descansar e "curtir", não são para votar - cumpre-se hoje, e só hoje, a verdadeira e decisiva eleição do presidente dos Estado Unidos da América.
É verdade: é hoje que Trump será eleito presidente, porque é hoje que os grandes eleitores eleitos há mês e meio vão cumprir a constituição, votando eles agora directamente nos candidatos que então se apresentaram ao voto popular. Que, como bem se sabe, foi em maior parte para a candidatura de Clinton: mais de 2,5 milhões de votos a mais!
Em tese, os resultados da voltação de hoje deste colégio eleitoral podem impedir a eleição de Trump. Não faltaram de resto manifestações e processos com esse objectivo, e o espírito da lei constituicional é esse mesmo: que uns cidadãos mais esclarecidos possam corrigir a vulnerabilidade popular à demagogia e ao populismo.
Ironia máxima: a lei que a Trump aproveita foi exactamente feita para evitar que Trump fosse eleito. Como o feitiço se virou contra o feiticeiro...
No fundo sempre achamos que haveria de aparecer a barreira que travaria Trump, o crivo por onde não poderia passar. Como todos falharam, ainda há quem queira pensar que seja este, no último, "in extremis" que tudo acabe por se resolver. Como quando acordamos de um pesadelo. Mas isso é continuar a dormir...
O homem que faz do governo da maior potência mundial um clube de milionários - para reunir tanto dinheiro como Trump junta na sua administração, numa pequena sala. era preciso encontrar um local onde coubesse um terço dos americanos! -, que já distribuiu todas as raposas por todos os galinheiros, e que já começou a brincar com o fogo, vai mesmo ser hoje confirmado com o 45º presidente dos Estados Unidos da América. E daqui por um mês, como sempre a 20 de Janeiro, passará mesmo a ocupar a Casa Branca de pleno direito.