Como tudo era diferente há um ano...
O Benfica fechou a primeira volta da fase de grupos da Champions esta noite na Luz, com os espanhóis da Real Sociedad. Nem tão cheia como se dizia, nem tão cheia, nem vibrante como é habitual.
Que não havia realmente muitos motivos para grandes entusiasmos provou-o o jogo praticamente desde o apito inicial. Quando, há boa maneira portuguesa, depois do desastre na primeira jornada com o Salzburgo, e daquela segunda parte em Milão, alguns diziam que a chave do apuramento estava na dupla jornada com a equipa basca, e na possibilidade de aí somar os 6 pontos em discussão, entrava-se no domínio do sonho.
Quem minimamente acompanhe, e aprecie, o futebol percebia que esta Real Sociedade é a melhor equipa do grupo. A que tem melhor qualidade de jogo, a que joga mais e melhor, a que tem mais automatismos instalados na equipa e, a par da do Inter, a que melhor sabe controlar os ritmos do jogo. E percebia que os seis pontos não estavam ao alcance deste Benfica, desta época.
O que a equipa basca mostrou esta noite na Luz não surpreendeu ninguém. A surpresa é que tenha surpreendido os jogadores e a equipa técnica do Benfica. A não ser que Roger Schemidt não tenha sido surpreendido, mas apenas incompetente.
O Benfica do ano passado tinha condições para discutir o jogo de igual para igual com este adversário. Este, não!
Quando uma equipa não tem argumentos para discutir o jogo com a adversário na mesma toada de resposta, tem de encontrar uma estratégica para contrariar essa inferioridade. Para isso, primeiro, tem de haver a humildade de a reconhecer. Depois, tem de encontrar outros argumentos que anulem, ou compensem, aquilo em que o adversário é melhor. Chama-se "organização". Às vezes, e nem sequer é assim tão raro, com uma boa organização, que contrarie os pontos fortes do adversário, acaba até por ser melhor quem não é o melhor.
A ideia que ficamos deste jogo é que, em vez de procurar contrariar aquilo em que o adversário era melhor, Roger Schemidt preferiu simplesmente ignorar que o adversário era melhor. Chama-se a isto enfiar a cabeça na areia. E começa a ser demasiado frequente não ver a cabeça de Schemidt.
O resultado não poderia ser outro que não o "banho de bola" da Real Sociedade. E o Benfica não poderia ser outra coisa que não uma equipa desorganizada, com os jogadores perdidos em campo a correrem atrás da bola.
Apenas episodicamente assim não aconteceu. Mas foram simples e momentãneos episódios, nunca uma estratégia de abordagem ao jogo. O mais duradouro foi naqueles cerca de 10 minutos, depois dos 5 iniciais, em que o Benfica marcou um golo - anulado por fora de jogo milimétrico de Rafa no arranque da jogada - e construiu uma única oportunidade, que Musa não soube aproveitar, com um remate por alto. Os outros - poucos - aconteceram pelo inconformismo, pela vitalidade - e diria até pelo benfiquismo - de Tiago Gouveia, que entrou a 20 minutos do fim, a substituir Neres.
Três jogos, três derrotas. Zero pontos e nem um golo marcado. Tudo isso com dois jogos em casa, e apenas um fora. Os oitavos da Champions nem miragem já são. E, muito provavelmente, nem para o play-off de acesso à Liga Europa já vai dar.
Como tudo era diferente há um ano. Sim, há um ano havia Enzo, Grimaldo e Gonçalo Ramos. Mas explica tudo?
Não. Há certamente outras explicações.