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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Copo meio cheio ou meio vazio?

Com meia casa na Luz, no segundo jogo consecutivo em casa no regresso ao campeonato depois da vitória em Amesterdão e de se ficar a saber que o Liverpool é o freguês que segue nos quartos de final da Champions, o Benfica recebeu o Estoril. Tem sido em casa que as coisas têm corrido mal - ou pior, para bem dizer, porque tem corrido mal praticamente em todo o lado - mas hoje não havia que lembrar isso. Hoje importava saudar a equipa pelo feito na Champions, e ajudar a encaminhar os jogadores no rumo para a recuperação.

Por isso não faltou apoio à equipa, como de resto também não tem faltado. Não tem sido por aí que as coisas têm falhado.

A verdade é que hoje voltaram a falhar, acabando por se salvar o resultado - melhor, os três pontos da vitória. Nem deu para ficar com aquela sensação que a equipa até entrou bem no jogo, porque logo aos oito minutos o Estoril só não marcou porque a bola bateu no poste esquerdo da baliza de Vlchodimos. Que, logo a seguir, evitou o golo do espanhol Sória, com uma grande defesa. E seguiram-se mais de vinte minutos de de falso equilíbrio no jogo porque, se na verdade o Estoril não voltou a desfrutar de de oportunidades de golo - já tinha tido as mais flagrantes - estava melhor no jogo, controlando-o e jogando até de forma mais vistosa.

O Benfica era então um deserto de ideias, e tacticamente cheio de equívocos. O maior desses equívocos é já estrutural: os jogadores da defesa, com medo das suas costas, não sobem; e os do meio campo, com medo da defesa, encostam-se a eles atrás, deixando uma cratera entre os avançados e o resto da equipa. Nessa cratera jogam os adversários, à vontade, sem qualquer tipo de pressão. 

É assim sempre, não foi só hoje. Só não é assim quando jogam todos a defender, como em Amesterdão. Aí já não há costas dos defesas, e os do meio campo e os da frente estão juntinhos numa única linha, encostados aos defesas. 

Outro equívoco é Meité a jogar ao lado de Weigl. A defender e a segurar a bola, em registo puramente defensivo, é útil. Viu-se como o foi com o Ajax, na passada terça-feira. Fora desse registo é um travão. Não reconhece os momentos do jogo, acha que o seu papel é apenas o de segurar e prender a bola. E por isso mata à nascença qualquer transição ofensiva rápida. Se a bola lhe chegar, e na zona do terreno que ocupa é difícil que não lhe passe ali perto, é garantido que o adversário tem todo o tempo para se recolocar defensivamente.

Estava o jogo nisto, com a equipa do Estoril confortavelmente instalada no jogo a cobrar mais um canto, quando Rafa interceptou a bola, junto à linha lateral da grande área defensiva. Com um primeiro drible tirou da frente o primeiro adversário, o destinatário da bola no canto, e olhou à volta. Não apareceu ninguém a quem passar a bola, e resolveu arrancar por ali fora, sozinho. Correu, correu, correu ... sempre com a bola nos pés. Passou por um, dois, três ... Quando acabou de passar por todos,  já só restava o guarda-redes. Estava demasiado encaminhado para a esquerda, e o Dani Figueira tinha-lhe fechado o  ângulo de remate, mas conseguiu encontrar engenho e arte para lhe colocar a bola fora de alcance.

Um golo do outro mundo. Só ao alcance de Maradona. Ou de Messi. Poborsky também fez com o manto sagrado uma coisa muito parecida. 

Um golo destes nunca se imagina que possa acontecer. Aconteceu neste jogo, e só poderia acontecer num jogo jogo como este. O relógio marcava o minuto 34.

Até ao intervalo a equipa pareceu ficar contagiada por aqueles segundos mágicos que Rafa demorou a ir de uma baliza à outra, e teve então o seu melhor período. Mesmo assim apenas por uma vez esteve próxima do segundo golo, por Gonçalo Ramos.

À entrada para a segunda parte foi o Estoril que voltou à carga, e Vertonghen salvou o golo do empate em cima da linha de golo. O que parecia ser o regresso do Estoril ao comando do jogo acabou por ser liquidado por Gonçalo Ramos - definitivamente um valor confirmado - que aos 8 minutos fez o segundo golo. Iniciou e concluiu a jogada com o golo, depois de tabelar com Gilberto.

O Estoril sentiu o golo, como sentira o primeiro. E o Benfica começou a levantar a questão do copo meio cheio ou meio vazio. Se quisermos ver o copo meio cheio, diremos que vinha de um jogo super desgastante, de elevada exigência, e que, por isso, teria que entrar em regime de controlo. De poupança. E iremos buscar aquela estória do acrescido grau de dificuldade dos jogos pós Champions. Se virmos o copo meio vazio, diremos que a equipa voltou a fazer uma demonstração de falta de ambição para partir para uma exibição e um resultado galvanizador e, depois, de falta de qualidade para assegurar o controlo dos jogos. E diremos que esta equipa nunca marca mais de dois golos. E que sofre sempre pelo menos um.

O golo de André Franco, praticamente no último lance do jogo, e até a sua própria exibição, se calhar leva-nos a ver o copo meio vazio.  

 

 

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