Corredor verde (escuro)
Do chamado "acordo sobre as interconexões", também chamado "corredor verde" - provavelmente por ser potencialmente mais bonito - que agitou a política da caserna nestes últimos dias, não percebo nada. E creio que não estarei sozinho nesta ignorância, até porque, dele, nada se sabe.
Como nada se sabia do anterior, o tal que, ao contrário deste, que prevê essa "interconexão" por mar, a previa pelos Pirenéus. Sabia-se apenas que fora assinado entre o governo de Passos - e talvez por isso tão defendido pelo PSD - e o de François Hollande. E que nunca chegou a existir, porque Macron sempre se lhe opôs.
É aqui, neste preciso ponto, que passamos a perceber o essencial deste novo acordo para levar energia para a Europa através do Mediterrâneo. Pela simples razão que somos levados a perceber que os interesses franceses, que Macron põe acima de quaisquer outros, terão a ver muito coisa, menos com a forma como lá chega o gás. E depois o hidrogénio, que ainda se não sabe quando, nem como, se começará a produzir. Por terra, ou por mar não muda muito. Pode custar mais ou menos dinheiro (e isso é com a Europa, já se sabe), mas chega lá à mesma, para atravessar o país, na mesma. É ao percebermos isso que percebemos por que nada se sabe de um acordo que não existe, e que, remetendo tudo para as calendas, dificilmente existirá. E que se resume à simpática fórmula encontrada por Macron para deixar tudo na mesma, fazendo parecer que alguma coisa mudou.
Pelo meio, e aqui entra a Espanha, fica a saber-se que, se e quando vier a existir, este acordo privilegia os portos espanhóis e deixa de fora o porto de Sines.
Perguntar-se-á: então por que é que António Costa faz disto uma festa?
Creio que só há uma resposta: porque ele é mesmo assim. Gosta de festas!
E a política da caserna também!