Crise geral
Parece que vai para aí uma onda de roubos de produtos alimentares nos supermercados, a crer na primeira página de hoje no jornal de referência da nossa tão pobre praça jornalística.
A notícia que faz primeira página é depois desenvolvida na secção "Sociedade". E aí começamos por ver que, da participação deste roubos à PSP, "só há dados até Junho", mas que " o crescimento de casos acelerou neste segundo semestre". Sem dados, e que ainda vai a meio...
Sem dados mas com um - um, repito - testemunho de um segurança de um supermercado. Pungente. Relata que "tem apanhado muitos idosos a tentar levar pão, salsichas ou atum". Que "há mulheres com filhos que dizem que já não têm como lhes dar de comer. E conta: "Prefiro que me peçam. Não sou rico, mas posso oferecer alguma coisa. E eu próprio vou à caixa pagar”.
No entanto, quando passa à informação que os supermercados estão a instalar alarmes em alimentos, a peça recorre ao testemunho de dois funcionários de uma cadeia onde isso está a acontecer, que o justificam por haver "quem os leve em mochilas para depois os vender a preço mais baixo no mercado negro.”
Escrevendo em manchete que a "crise faz disparar roubo de comida" este jornalismo de referência fala de roubo de comida para matar a fome para, depois, se formos ler, misturar com o roubo de comida para alimentar expedientes.
É tudo resultado da crise. Até da crise do jornalismo que por cá vai engordando!