Cultura da trapalhada
Por Eduardo Louro
O governo, em regime de alta produtividade, está a fazer de cada trapalhada – reproduzem-se como coelhos e crescem como cogumelos – gigantescas bolas de neve. Seja lá o que for, aparece e, em vez de ser logo atacado de frente e resolvido, não. O governo não consegue enfrentar problema nenhum, e muito menos resolvê-lo. Prefere escondê-lo, cobri-lo, com terra ou muitas vezes com estrume e, exactamente como nos cogumelos, naquele escurinho e com muita porcaria em cima, desatam a crescer sem parar.
Este último caso das listas VIP do fisco é apenas mais do mesmo. O cogumelo cresceu, cresceu, cresceu… e é hoje uma gigantesca bola a rolar descontrolada pela montanha abaixo, ameaçando cilindrar tudo à sua passagem. O secretário de estado Paulo Núncio corre em pânico à sua frente. O primeiro-ministro transpira, e são suores frios por ver uma coisa tão grande a passar tão perto.
O CDS está todo ele escondidinho, juntinho ao chefe, pouco preocupado que seja um dos seus a estar prestes a ser cilindrado pelo monstro rolante. Mas, espantoso mesmo, é ver a ministra da tutela a passear à vontade, verdadeiramente indiferente ao turbilhão que aquilo levanta à sua passagem. Nem a poeirada levantada a incomoda. Não é nada com ela…
Impressionante! Se calhar nada perturba a tranquilidade e o sono descansado de quem tem os cofres cheios… E um bunker, também escurinho, onde se esconder a dar ordens de multiplicação. Multipliquem-se! Como os coelhos. Ou como as trapalhadas...