Debates - dois sem gasolina e uma cabazada
Ontem, domingo, foi dia de jornada completa, com os jogos uns em cima dos outros. Quem os quis acompanhar foi obrigado a autênticos golpes de Zaping, quase sem direito a intervalo, para não perder pitada.
Talvez pelo adiantado da competição, começa a perceber-se que algumas estratégias de jogo começam a acusar fadiga, e a deixar de resultar.
Os jogos fofinhos começam a ficar enfadonhos, e a dar para adormecer. Foi o que viu no encontro entre o Livre e o PAN, com Rui Tavares e Inês Sousa Real a embalar-nos para uma noite de sono tranquilo. Resistir a adormecer foi quase um acto heroico.
As propostas de jogo até eram interessantes, mas quando são muito iguais perdem atracção, e tornam o jogo pouco interessante. A proposta de Rendimento Básico Incondicional tem tudo para ser interessante, e para integrar estratégias de progresso no que mais importa do jogo; mas apresentada assim, sem disputa, acaba por passar despercebida e perder-se na sonolência instalada.
Acabou empatado. Dificilmente poderia ter outro resultado, até porque, pelo que se vai vendo, Rui Tavares - na competição pela via de uma espécie de repescagem - não perde um; e Inês Sousa Real não ganha nenhum.
A partida entre o PS e o CDS prometia. Francisco Rodrigues dos Santos, Xicão, ou simplesmente o mais jovem com a cabeça mais velha - rótulo bem colado pelo Cotrim de Figueiredo na partida que ambos disputaram - parecia o Moreirense. Percebeu-se que trocou de treinador. Despediu o Lito Vidigal e contratou o Sá Pinto. Não muda muita coisa, mas dá melhor imprensa: o que num é cacetada pura e dura, no outro é raça.
Foi isso. A mudança não foi mais que isso. Voltou a usar o "seu" Mercedes à porta, mas já sem evocar directamente a família de Famalicão. Percebe-se que está esgotado e, ao contrário do Moreirense, nem Sá Pinto lhe dá alento. Não tem ataque, nem meio campo, nem defesa. Não prepara os jogos, e depois não sabe o que fazer com a bola, não a consegue segurar, perde-a logo que lhe chega. Daí que António Costa se tenha limitado a passear pelo relvado. Não precisou sequer de se mostrar em grande forma grande para ganhar facilmente. Bastou-lhe não dar fífia
O jogo mais interessante da jornada acabou por ser o que opôs o Chega à IL. São equipas do mesmo campeonato, mas com argumentos de jogo completamente antagónicos. Os de Ventura são fraquinhos e gastos, e nem a troca do Mercedes pelo Porsche lhe valeu. Pelo contrário, trocou um Mercedes, parado, à porta, por um Porsche a circular. Mas, com o motor gripado, ficou logo ali.
Ventura ficou apeado, sem gasolina. Não tem uma gota de gasolina, e só agora é que percebeu que está encostado à beira da estrada. Vai ter que empurrar penosamente o carro até ao fim, e já nem vai receber mais palmadinhas nas costas de Rui Rio, sentado a ver o jogo e a aprender como se faz. Foi esta a fotografia do um jogo em que Cotrim de Figueiredo não se limitou a golear. Mostrou como se devem jogar estes jogos, e deu uma cabazada!