Demonstração de categoria
A fantástica carreira do Benfica nesta liga não lança apenas a crise sobre o seu principal opositor na disputa do título, e no seu futebol de pontapé para a frente, que os especialistas do comentário da bola douram, chamando-lhe "futebol em busca permanente da profundidade". Projecta também sobre os restantes adversários a dúvida sobre a melhor forma de o enfrentar: se recorrer a uma estratégia ultra-defensiva, posicionando os seus jogadores junto à sua grande-área, com duas linhas de cinco muito juntas; ou se discutir o jogo no campo todo, pressionando os jogadores do Benfica logo a partir da saída em construção.
Concluindo facilmente que todos os adversários do Benfica que optaram por se acantonar lá atrás acabaram sempre por perder, Pepa optou por experimentar a outra alternativa neste jogo de hoje em Paços de Ferreira. Com jogadores de alta compleição física, e rijos, o treinador do Paços entendeu que, com esses argumentos, poderia "engasgar" a máquina benfiquista, e decidiu disputar o jogo no campo todo.
E fez bem. Não ganhou, mas ficou o futebol a ganhar, transformando o jogo numa partida viva, muito disputada e bem jogada. Na primeira parte, muito bem jogada mesmo. Porque o Benfica pôde apresentar o seu bom futebol habitual, e o Paços não estragou. Pelo contrário, valorizou também a partida.
A dúvida no resultado, e em particular sobre o vencedor do jogo, não permaneceu muito tempo no estádio. Durou menos tempo que a surpresa pela postura pacence em campo. Viu-se logo no início da partida que, com surpresa, o Paços atacava e, sem surpresa, o Benfica criava oportunidades de golo. Que o Benfica anulava com facilidade todos os ataques do adversário, e concluia com finalização todos os que construía.
Foi sempre assim, e ainda mais assim durante toda a primeira parte. Quando Rafa, aos 38 minutos, concluiu no primeiro golo uma espectacular assistência de Rúben Dias, com uma grande execução - mais uma - já tinham ficado para trás cinco oprtunidades claras para marcar, entre as quais um remate à barra, logo aos 10 minutos, para além de um golo anulado pelo VAR, aos 18, com um alegado fora de jogo no iníco da jogada, que no campo e na televisão ninguém viu, mas que as linhas manhosas acabaram por apurar ser por 4 centímetros.
O escasso 0-1 ao intervalo não tinha nada a ver com o recital que o Benfica deixara no campo.
Na segunda parte a qualidade baixou um pouco, mas o figurino do jogo não. Logo aos dois minutos, novo passe a rasgar do central, desta vez de Ferro, e de novo para Rafa, que assistiu Vinícius para o segundo. E pouco depois mais um golo anulado pelo VAR, desta vez num fora de jogo que parecia claro mas que, afinal, pelas mesmas linhas manhosas, voltava a ser à pele. E mais umas tantas oportunidades desperdiçadas, entre as quais uma de Seferovic (que entrara para substituir Vinícius) que irá certamente para os apanhados desta Liga.
Fica um jogo difícil que o Benfica tornou fácil, com uma grande demonstração de categoria. Pela qualidade exibcional mas, a cima de tudo, pela capacidade de resposta a uma situação que não estaria certamente no plano de voo para esta partida. Basta reparar que os golos nascem nos centrais. Ou que o Paços até teve mais posse de bola durante todo o jogo!