Deprimentes. Até a matar o diabo...
À medida que são anuncados novos e mais resultados positivos da economia portuguesa, aumenta a depressão da nossa direita radical, com reacções cada vez mais deprimentes.
Primeiro, o diabo estava em todo o lado. Depois passaria a estar no défice, essa coisa sagrada em nome da qual tudo teria de ser sacrificado. Não estava no défice, ou, se lá esteve, foi tão rapidamente escorraçado que nem se deu por ele. Tinha-se passado para o crescimento, só podia.... Tem que estar no crescimento, daí não dá para escapar!
Afinal, também não. Também não está aí. Se calhar não há mesmo diabo...
Ah... esperem aí. Não há diabo mas ainda há por onde pegar nisto: o crescimento não vale. Existe, está aí à vista, mas é a derrota da política da geringonça, não tem nada a ver com o modelo económico que nos venderam. O modelo apostava no consumo interno, e este crescimento vem das exportações. Exactamente! As exportações que ganhariam competitividade com a redução dos custos do trabalho, a tal reforma estrutural que Passos lamentou não ter concluído.
Mesmo assim, lembra Maria Luís, mesmo sem ter concluído essa patriótica tarefa, e nuclear reforma, de deixar os custos do trabalho em Portugal ao nível dos do Vietnam, os resultados estão à vista. Este crescimento é nosso, sem a nossa missão visionária, a economia portuguesa continuaria a passo de caracol.
Deprimentes. Até a matar o diabo...
No meio disto tudo apanho com o Salvador Sobral, num daqueles seus apartes, em pleno corredor do triunfo, no "off" a que agora perdeu direito, a dar-lhe com esta: "... ganhamos o europeu, ganhamos a eurovisão, temos um governo de jeito..." Pois é!