Um espelho
Não, nem tudo está bem quando acaba bem. E o Benfica não só está mal, como está pior a cada jogo que passa.
Hoje, em Arouca, regressou às vitórias - a segunda em quatro jogos da nova era Nelson Veríssimo. E a mais dilatada, igualando o da Luz , com o Paços. Quando, bem lá no fundo, a luzinha da esperança ainda continuava acesa.
Mas, em qualidade, este foi o pior dos quatro jogos. Quando se pensava que a equipa batera no fundo no último jogo, na Luz, com o Moreirense, hoje, viu-se que não. Que há mais fundo para além do que tinha ficado à vista. Então a equipa jogara mal, muito mal. Mas criou oportunidades mais do que suficientes para ganhar esse jogo, e sofreu o empate com um golo ilegal, escandalosamente validado pela arbitragem.
Hoje, não. E ganhou-o porque foi finalmente assinalado um penalti (na imagem) a seu favor. O segundo da época, e o quarto em cerca de três anos. E porque o Arouca falhou o que teve a seu favor. Sim, foi muito mais um falhanço do marcador do que uma grande defesa de Vlachodimos.
Quando encontrou pela frente uma parede defensiva, a equipa não teve futebol para a contornar. Apenas para esbarrar contra ela. Apenas por uma dispôs (não criou, foi criada por um mau atraso de um adversário) uma situação de golo, por Darwin. salva sobre a linha de golo por um defesa arouquense. Se o não tivesse sido provavelmente não contaria, porque a bola teria roçado a mão do marcador. É já crónico, perante adversários que se fecham à frente da baliza - e em teoria será o caso da grande maioria deles - a equipa não tem soluções, e bloqueia. E foi o que aconteceu na primeira meia hora de jogo, até Darwin converter - com classe, diga-se - o penalti.
Depois, o Arouca saiu lá de trás e passou a discutir o jogo no campo todo. Até há pouco tempo, quando isso acontecia, as coisas começavam a correr bem. Com espaço, a superioridade técnica dos seus jogadores vinha ao de cima, surgiam as chamadas transições rápidas e os golos. E as goleadas. Mas também já não há nada disso. Mesmo com o campo todo para jogar, não dá. A equipa não recupera a bola, perde os ressaltos, perde os duelos. E quando ganha a bola perde-a logo a seguir. Os jogadores ou não acertam um passe, ou não conseguem uma recepção limpa.
Não admirou que tivessem bastado 10 minutos para o Arouca poder empatar, para poder voltar a erguer-se em muro à frente da baliza. Mais uma falha defensiva, com Vlachodimos - incluído - a cometer penalti. Valeu que o jogador do Arouca - João Basso, que já tinha cometido o penalti sobre Darwin - quis imitar o saltinho do Bruno Fernandes e ... saiu mal.
Ao intervalo Nelson Veríssimo tentou experimentar outra coisa. Trocou o Yaremchuk - é verdade, ninguém o viu mas esteve em campo durante 45 minutos, durante grande parte dos quais o jogo decorreu em cima da área do Arouca - pelo Everton; e o 4-4-2 pelo 4-3-3. E chegou a parecer que iria resultar. O Everton pareceu entrar bem, João Mário e Paulo Bernardo ficaram mais libertos, com este último a subir claramente de rendimento. Não durou mais de 10 minutos, esse efeito. E duas oportunidades de golo - Everton e Rafa, praticamente seguidas.
Esgotados esses 10 minutos iniciais da segunda parte, o Benfica regressou ao seu pior. A perder o meio campo, e a perder sucessivamente a bola, sem conseguir dois passe seguidos. E durante mais de meia hora só deu Arouca. E só não deu o golo do empate por acaso. E porque Vlachodimos o evitou em duas ocasiões. A equipa caiu no inferno, e de pouco valeram as sucessivas substituições de Nelson Veríssimo. A de Paulo Bernardo, pareceu que por lesão, por Taarabt só agravou ainda mais as coisas, quando os jogadores do Arouca já juntavam frequentes entradas violentas à sua superioridade no jogo.
Uma dessas, já em período de compensação, deu num livre cobrado por Grimaldo que Gonçalo Ramos, que substituíra Darwin, concluiu com c único apontamento de verdadeira classe em todo o jogo. Que só aí ficou finalmente resolvido!
A equipa é hoje o espelho de um Benfica incompetente, incapaz e desorganizado. Se os jogadores fossem dirigentes eram bem capazes de estar a anunciar uma contratação por consumar, e a ficar nas mãos do contratado, à sua mercê. Se os dirigentes fossem jogadores eram incapazes de dominar e controlar um jogo contra uma qualquer equipa do fundo da tabela!