Desespero a explodir em raiva
O DANA matou no Levante espanhol centenas de pessoas - mais de duas centenas já conhecidas, mas certamente com muitas ainda por encontrar entre os desaparecidos -, deixou mais de quatro mil feridos, e milhares de outras lançadas no caos e no pânico, sem telecomunicações, sem estradas, sem pontes, sem casa, sem nada de tudo o que lhes tinha demorado toda uma vida a construir.
Ao desespero da tragédia os valencianos juntavam o desespero do abandono, na lama. Desespero aproveitado para transformar em raiva.
E a dor e o luto explodiram em raiva nas ruas - que tanta gente de boa vontade se esforçava em limpar - cheias de lama. De lama barrenta, misturada com os destroços da tragédia, e de lama humana misturada com os destroços de Abascal.
Os reis de Espanha, Filipe e Letizia, apanhados na raiva, levaram com lama. Resistiram o que puderam, o suficiente para fazer resistir a dignidade do Estado. Pedro Sánchez, o presidente do governo teve de recuar. E de fugir. Das pedras e da raiva.
Não consta que Carlos Mazón, presidente do Governo Regional, generalizadamente acusado de, antes, nada avisar e, depois, nada fazer - nem sequer para pedir ajuda - tenha sido atingido pela raiva. É capaz de ser mero acaso ...