Desta vez, já passou...*
Regresso hoje às eleições presidenciais francesas, a dois dias da decisão final. Na primeira volta tudo aconteceu como previsto… pelas sondagens. Já não era sem tempo…
E os franceses vão agora decidir entre Macron e Marine Le Pen.
Parecia uma escolha fácil, como já fora no passado. Saindo da primeira volta à frente da candidata da extrema-direita racista e xenófoba, Macron terá também pensado assim. Que seria fácil ir buscar os votos que lhe faltavam para chegar à maioria.Talvez por isso tenha negligenciado os primeiros dias que se seguiram à votação de há duas semanas. Primeiro festejou - inapropriadamente, no tempo e no espaço - e, depois, meteu férias...
Le Pen, experiente e sabida, não perdeu um segundo. Não só não abandonou o terreno, como pegou em tudo o que mexesse, desmultiplicando-se em acções e em espectacularidade.
Manteve o discurso simples, populista e binário, sem se preocupar em articular uma só ideia. Sem substância e sem conseguir sequer sustentar os factores críticos das palavras-chave do seu discurso. Usou de plágio, para captar os votos de François Fillon. E dos piores truques e manhas da política, como se viu no único, mas longo, debate televisivo desta segunda fase da campanha, há dois dias atrás. Onde Macron, goste-se ou não das ideias que defende, fez toda a diferença: na seriedade, na capacidade intelectual, e na competência política.
Marine Le Pen, mesmo beneficiando do debate da primeira volta, quando - estranhamente - dando por assegurada a sua passagem à segunda volta, todos os candidatos fizeram de Macron o adversário principal, aumentado o grau de dificuldade das piruetas que agora se exigem para o apoio que obrigatoriamente lhe terão de dar, não será eleita.
Desta vez, já passou. Esperemos que não volte a estar lá tão perto!
* Da minha crónica de hoje na Cister FM