Destinos e delírios
Em plena guerra das máscaras, Trump foi apanhado por um dos seus mais usados instrumentos de guerra, o Twitter.
Na sua delirante visão da covid-19, Trump encontrou nas máscaras novos moinhos de vento alinhados contra a sua reeleição e, no país mais atingido pelo vírus, já à beira dos 100 mil mortos, transformou o uso de máscara numa questão político-ideológica. Em mais um factor de divisão dos americanos, que agora também se dividem entre os que usam e os que não usam máscara.
Andava Trump entretido de espada em riste contra as máscaras quando o Twitter entendeu reforçar as suas regras para combater a desinformação e as fake news, criando sinalizações que identificam os conteúdos como "potencialmente enganosos" e associando-lhe links para informações sobre o tema. Onde, como não poderia deixar de ser, Trump foi apanhado logo à primeira.
O governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, decidiu enviar boletins de voto por correspondência a todos os eleitores registados no Estado, como medida excepcional para a votação no contexto da pandemia. Porque isso era dar importância à pandemia que continua empenhado em desvalorizar, Trump correu a postar contra o voto por correspondência, com supostas consequências fraudulentas.
O Twitter não deixou passar sem sinalizar com a mensagem "aceda aqui a todas as informações sobre a votação por correspondência". Foi o suficiente para Trump acusar a rede social de "interferência directa nas eleições", e de "sufocar completamente a liberdade de expressão", o que ele nunca permitiria.
É esse o seu ponto de chegada. A um ponto em que nunca, nada nem ninguém o impeça de mentir, como lhe apetecer, à medida dos seus interesses ou simplesmente à dos seus delírios... Esperemos que fique pelo caminho, e nunca lá chegue!