Do escândalo à final
Depois de uma entrada a raiar o escândalo, coma derrota perante a Arábia Saudita, a selecção da Argentina é a primeira a garantir lugar na final deste mundial do Catar.
Da decepção à partida, ao sucesso à chegada, foi um curto caminho de cinco jogos com uma história em três etapas. E quatro nomes. Primeiro o do treinador, Lionel Scaloni, que soube fazer fácil - emendar a mão - o que para grande parte dos treinadores é difícil. Depois os de dois jovens - Enzo Fernandez, primeiro; e Julien Alvarez, logo a seguir. O quarto é incontornavelmente o de Lionel Messi.
Ao estrear o benfiquista Enzo a titular logo no segundo jogo, Sacaloni mudou o rumo do futebol da equipa. Quando, ao terceiro, lhe acrescentou Alvarez, consolidou-o. O resto está em Messi, o génio que se solta da lâmpada para iluminar aquele futebol, e emprestar-lhe o brilho que sem essa luz se não consegue ver.
Foi este futebol consolidado, iluminado pelo brilho de Messi, que hoje foi suficiente para afastar a Croácia da sua segunda final consecutiva. Numa vitória clara, mas ainda mais expressiva!
Não há golos de primeira e de segunda. Mas a verdade é que, num jogo que seguia sem balizas, o resultado se decidiu já perto do intervalo, em apenas cinco minutos, em dois lances atípicos, estranhos mesmo. No primeiro, dois toques verticais, o primeiro de Otamendi e o segundo de Enzo, deixaram Alvarez sozinho na cara - e no corpo todo - do guarda redes Livakovic (uma das maiores revelações da competição) donde seria difícil sair sem penálti.
Que Messi converteu de forma a não poder ser defendido.
No segundo, não foi muito diferente o comportamento defensivo dos croatas, apanhados em contra-pé num canto a favor. Diferente foi que, em vez dos passes, foi com ressaltos sucessivos que o jovem do City chegou, e passou, pelo guarda-redes adversário.
Foram dois lances de KO para os croatas. Depois chegou Messi, e aquele espectáculo da criação do terceiro golo, que entregou em bandeja para Alvarez bisar. E acabar, com a segunda parte ainda a meio, por trazer ao jogo, e à própria exibição, a luz que os golos "sujos" não deixava brilhar.
Vai ser a segunda final de Messi. E a última - já anunciou ser este o seu último mundial - oportunidade para se juntar a Maradona.