Do salmão ao cor de rosa
Para não falar de fogos, falemos de ricos. A revista Exame apresenta-os ao quarteirão, mas fica-se pelo primeiro. É a lista dos 25 mais ricos, e é uma agitação por esses jornais fora...
"Os mais ricos estão mais ricos" é a notícia.mais repetida. Só que, por definição, não é notícia. É tão natural os ricos estarem mais ricos como o cão morder o homem...
Talvez por isso o Diário de Notícias tenha entrado por outra porta, e descobriu que as "maiores fortunas do país valem tanto como dívidas dos portugueses ao fisco". Pode até ser o homem a morder o cão. Pode até ser verdade, pode até ser que a soma dessas fortunas coincida com o valor das dívidas ao fisco. Não se percebe é o que é que uma coisa tem a ver com a outra...
Bem se podiam ficar pelas banalidades habituais. Não que façam mais sentido, mas têm a vantagem de já estarmos habituados. E, mesmo sem notícias e com banalidades, bem podiam ter mais um bocadinho de rigor no que escrevem. Escrever no mesmo texto, com o intervalo de meia dúzia de caracteres, que "as 25 maiores fortunas do país cresceram 3,8 mil milhões de euros no espaço de um ano" e que "no total, os milionários do top 25 amealharam ao longo do último ano 18,8 mil milhões de euros", diz bem do que por aí vai.
Havia uma antiga tradição (baseada no respeitado Finantial Times) da cor salmão para os jornais (ou os suplementos) que se dedicavam aos temas da economia. Agora mudaram de cor, e tornaram-se autênticas revistas cor de rosa.