É futebol. Do bom, mas é futebol ...
É também por isto que o futebol é um jogo apaixonante. O Benfica desta noite, em Leiria, não teve nada, mesmo nada, a ver com o de domingo, na Luz. Concomitantemente - uma equipa joga o que a outra deixa, não é? - o Braga não teve nada a ver com aquele que no domingo passado ganhou na Luz, e deixou os benfiquistas á beira da depressão.
O único amargo que sentimos nesta noite leiriense - o Dr Magalhães Pessoa foi um mini Estádio da Luz - foi precisamente o proveniente da noite de domingo. Na verdade o vendaval de futebol com que o Benfica atropelou o Braga só teve o condão de tornar ainda mais amarga a derrota da Luz, no passado domingo, no fecho da primeira volta do campeonato.
Como é possível que as mesmas equipas possam ter duas caras opostas em dois jogos no espaço de três dias?
Não tem explicação. É futebol!
Bruno Lage promoveu três alterações relativamente ao jogo anterior: entraram António Silva, Florentino e Schjelderup, e saíram Bah, Leandro Barreiro e Akturkoglu. Os dois últimos em troca directa, e António Silva para o lugar de Tomás Araújo, que derivou para a lateral direita, para o lugar de Bah. Pese embora as boas prestações dos que entraram de novo, na linha do resto dos jogadores, não terá sido apenas por essas trocas que o Benfica passou do oito ao oitenta em apenas três dias. Foi também pelo inexplicável em que o futebol é tantas vezes fértil.
A equipa teve energia, teve classe, teve força. Teve tudo, e reduziu o Braga - que chegou a Leiria com a mesma receita que levara, e tinha sido bem sucedida, para a Luz - á ínfima espécie. Sem qualquer condição de discutir o jogo.
A receita do Braga - postura ultra-defensiva, queimar tempo e esperar por uma oportunidade para surpreender em contra-ataque - foi rapidamente destruída pela avalanche benfiquista. Na verdade, em todo o jogo, o Braga dispôs apenas de uma saída em contra-ataque: foi à entrada da segunda metade da primeira parte, a bola acabou até por entrar na baliza de Trubin, mas em claro fora de jogo de Bruma, prontamente assinalado.
Nessa altura já o Benfica tinha desperdiçado quatro grandes oportunidades de golo (Tomás Araújo, à trave, logo aos cinco minutos, Di Maria, Carreras e Pavlidis). Logo a seguir, e no espaço de 10 minutos, entre os 27 e os 37, marcou os três golos. Primeiro por Di Maria, depois de despachar dois adversários dentro da área; logo no minuto seguinte por Carreras, repetindo exactamente o que tinha feito uns minutos antes, só que desta vez acabando num remate indefensável para o guarda-redes Matheus; e finalmente no bis de Di Maria, a concluir uma excelente jogada colectiva, ainda adornada na assistência de Pavlidis.
Se antes dos três golos o Benfica tinha desperdiçado quatro claras oportunidades de golo, depois, na segunda parte, voltou a desperdiçar outras tantas: Schjelderup, logo a abrir, depois de ter sentado o guarda-redes, Pavlidis, por duas vezes, e Akturkoglu. E houve ainda um golo anulado a Pavlidis, por um fora de jogo de 11 cm, depois de mais uma excelente jogada de Schjelderup.
Aos três golos marcados na primeira parte, o Benfica somou mais nove oportunidades. Quer isto dizer que ao Braga o melhor que lhe aconteceu foi o resultado. E que, esta noite sim, Bruno Lage tem razões para se queixar da eficácia. Falhar golos é preocupante. Mas é sempre mais preocupante não criar condições para os marcar.
Por isso, mesmo saindo de Leiria com o amargo da derrota do último domingo mais vivo, os benfiquistas vieram em festa. E com justificada esperança de, no próximo sábado, em mais um dérbi eterno, voltar às habituais conquistas da Taça da Liga, há tanto interrompidas.