É inacreditável, mas é assim...
Se, há dois dias, o primeiro-ministro, António Costa, surpreendeu, hoje, na resposta, o Presidente Marcelo, não!
Fez, e disse, tudo o que, dois dias depois, se esperava que dissesse. No fim, tudo baralhado e resumido, disse que, pela sua parte, irá fazer tudo o que puder para fazer o que, em vão - e irresponsavelmente, há que dizê-lo - anda a ameaçar há muito. E que espera que a CPI à TAP faça o resto.
Se António Costa o tinha empurrado para a dissolução do Parlamento - se é para dissolver, o melhor é que seja já -, a resposta de Marcelo - embaraçada, evidentemente, porque foi apanhado no bluf - é que não. Não é já, é quando eu quiser, e puder!
Se António Costa foi "jogador político", Marcelo, como não se podia deixar de esperar, não foi menos. De jogadores de política está o país bem servido. De políticos é que não!
Da mesma forma que, no fim da sua comunicação ao país de terça-feira, António Costa deixou "o dito" mostra, hoje, Marcelo não deixou menos à vista. A habilidade política do presidente acabou por ser a "exoneração", de facto, do ministro João Galamba. Que não lhe tinha servido, que não tinha considerado suficiente - e bem -, na terça-feira.
A "jogada" de Marcelo foi "demitir" o ministro que, na "jogada" anterior, António Costa se "recusara" demitir. E "ganharam" ambos: Costa porque porque o obrigou a meter a fanfarronice da remodelação no bolso; e Marcelo porque "demitiu" - João Galamba não é mais ministro, será, no limite, um "zombie" no governo por mais uns dias - o ministro que queria que fosse demitido. Pelo meio, um falou de dever e consciência; o outro de responsabilidade, e de credibilidade.
É inacreditável, mas é assim a política em Portugal. Que, por isso, é assim. E não passa disso!