É isto a hipocrisia
Israel é um país do médio oriente, no continente asiático, que se localiza ao longo da costa oriental do Mediterrâneo, e faz fronteira com o Líbano (a Norte), a Síria (a Nordeste), a Jordânia e a Cisjordânia (a leste), o Egipto e a Faixa de Gaza (a Sudoeste). A Sul tem também uma fronteira marítima, com o Mar Vermelho.
Não importa agora por que razões, nem a velha relação promiscua entre a política e as instituições do futebol, FIFA e a UEFA decidiram que Israel era um país europeu. Os seus clubes de futebol disputam as competições da UEFA, e a sua selecção nacional compete no quadro das competições da FIFA e da UEFA na Europa.
Ontem disputou-se em Amesterdão um jogo de futebol entre o Ajax e o Maccabi - Telaviv, a contar para a quarta jornada da Liga Europa. Os adeptos israelitas foram vistos a retirar bandeiras palestinianas de janelas de casas particulares, e vistos e ouvidos, no estádio e pelas ruas, em cânticos inaceitáveis contra os palestinianos, e os árabes em geral. Entre eles cantavam que "não há escolas em Gaza, porque não há crianças em Gaza".
Há muita gente na Europa - por mim espero que seja uma grande maioria, mas só isso - que acha que a matança de Nethanyahu em Gaza não é tolerável. E que por isso aproveitará a presença de equipas israelitas para manifestar que a opinião pública europeia, ao contrário dos seus representantes políticos, não se limita a assobiar para o lado enquanto Nethanyahu mata e destrói tudo à volta. Protesta e revolta-se contra isso!
O confronto entre uns e outros era inevitável, e houve pancadaria. Da grossa. Mas que os palestinianos de Gaza mediriam certamente por uma brincadeira.
A Presidente da Câmara de Amesterdão, lamentando os confrontos, referiu essa inevitabilidade a partir das provocações dos adeptos israelitas. O primeiro-ministro Dick Schoof, declarou-se "horrorizado pelos ataques anti-semitas contra cidadãos israelitas". E apressou-se a ligar a Netanyahu, garantindo-lhe que "os responsáveis vão ser identificados e julgados". O Rei, Guilherme Alexandre, também lhe ligou, a expressar-lhe “horror profundo". Disse até que "falhámos para com a comunidade judaica neerlandesa na Segunda Guerra Mundial, e na noite passada voltamos a falhar”!
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também só viu violência em Amesterdão contra os adeptos israelitas, e uma "inaceitável manifestação de anti-semitismo ou racismo”. Tal e qual o governo português, com Paulo Rangel a condenar "veementemente os actos de violência contra cidadãos israelitas" em Amesterdão. E, claro, também o anti-semitismo.
Era isto só que queria dizer .... É isto a hipocrisia, não é preciso dizer muito mais!