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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

É sempre assim...*

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Não sei se o pior já passou. Admito, e acima de tudo, desejo que sim. Sei – sabemos – que o país se cobriu de incêndios, como todos os anos acontece nesta altura do ano. Ou mais, ainda … Apenas numa semana, na última, arderam mais de cem mil hectares de terreno florestal, agrícola e urbano em Portugal. Um pequeno país, onde arde mais de metade do que arde na Europa… É verdade, mais de metade do que arde na Europa é português!

É assim, ano após ano. As televisões invadem as chamas e invadem-se de histeria, pela mão de repórteres que são uma tragédia em cima da tragédia. Fazem também parte da calamidade. Especialistas, sempre os mesmos, enumeram sempre as mesmas causas, e propõem sempre as mesmas soluções. Políticos expressam solidariedade, e ficam-se por aí. Porque fica bem. Os governos negam as evidências: “a minha área ardida é sempre menor que a tua”. E depois prometem mais meios. E cumprem, na maioria das vezes: a cada ano que passa há mais bombeiros, há mais viaturas, há mais aviões, há mais helicópteros … Mas também mais incêndios. E mais gravosos.

Os autarcas reclamam do isolamento, e do centralismo. E pedem mais apoios financeiros para as suas populações. Mas nunca dizem – nem ninguém lhes pergunta – o que é que, da sua parte, fizeram para prevenir ou minorar a tragédia.

Os populares culpam os criminosos. Tudo se resolvia com penas adequadas. Que os tribunais incompreensivelmente não aplicam. Fala-se nos interesses, que não são pequenos, da chamada indústria do fogo. E fala-se de Máfia… Fala-se da Protecção Civil, e de bombeiros. E do eterno presidente da respectiva Liga, que foi presidente de Câmara durante quatro décadas, deputado em não sei quantas legislaturas, e até incendiário num dos três grandes do futebol. Que fala, ralha e barafusta, sempre sem dizer nada que não seja culpar tudo e todos, e exigir mais dinheiro para a organização que domina. Sem nunca dizer o que fez em tantos anos e em tantos cargos.

Fala-se dos ministros que estão de férias. Dos que as interrompem e dos que as não interrompem. Mais grave ainda é se aparecem numa dessas festas de Verão das revistas cor de rosa…

É sempre assim, ano após ano. Como se, tal qual as cigarras que também ardem, assobiássemos todo o ano à espera do Agosto que há-de acabar por devorar o país. Como fossemos todos muito burros, sem nunca conseguir aprender nada…

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

3 comentários

  • Sem imagem de perfil

    José 19.08.2016

    Olá Maria, boa tarde.
    Felicitou-a por tanta lucidez...E eu pensava, que era o único a ter este tipo de loucura, de não compreender este estado de coisas..
    Sem dúvida... Infelizmente, é mesmo assim, tanta estupidez que por aí anda, aos molhos e essa não arde e não se extingue...
    Aqui está espelhada a hipocrisia e a estupidez deste País, tanta teoria, e no fim vamos de mal a pior…
    Em Portugal, só se passou a falar em época de incêndios, nos finais da década de 80.
    Até então, lembro-me bem, vivo numa zona rural e os montes e matas estavam limpas. Nesta época os montes, estavam “abençoados”, pois não pegavam fogo "sozinhos". Só depois, de Portugal aderir a comunidade Europeia, quando se deitou por terra a política florestal, e se acabou com os guardas florestais, se começou a falar em época de incêndios.
    Por outro lado, a floresta não “arde sozinha”; muito menos, começa a arder na madrugada, quando a temperatura do ar é mais baixa, em comparação ás horas de maior intensidade de calor.
    O problema, é que na madrugada, todos os gatos são pardos, e tudo é cego surdo e mudo...
    Ainda, a época de incêndios vai a meio, e já foram gastos muitos milhões de euros, no combate aos incêndios.
    Portugal fica mais pobre, pois ficou sem a floresta, sem a riqueza que ela proporciona, nomeadamente no eco-turismo, nas populações rurais que dela dependem, no turismo rural que está em fase de expansão; bem como na imagem de País verde à beira mar plantado, que é difundida pelas as agências de turismo.
    Eu pergunto, não seria preferível, investir estes milhões na limpeza, prevenção e patrulha, das florestas criando novos postos de trabalho.
    No fim de tudo, tanto se poupa, e no final ficamos sem o património florestal e o dinheiro. Já diz o ditado popular, poupa-se o farelo e estraga-se na farinha...E assim, se vai mantendo o povo estupidecido... Mas, de uma coisa não tenha dúvida, este estado de coisas só acontece porque nós deixamos...
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    Português 19.08.2016

    José, as suas palavras, tal como as da Maria, são efectivamente acertadas, tal como as do blogger, além de muitos e vários problemas que toda a gente conhece, e falo de quem está no terreno não dos pseudo entendidos que vão às televisões e dos políticos, um dos maiores problemas é a falta de prevenção, e aqui os principais culpados são os políticos, em concreto os do MAI e a GNR, os primeiros porque permitem e os segundos porque desviam, os elementos dos GIPS para todo o tipo de intervenção, desde guarda aos tribunais, operações STOP e outras acções policiais em vez de andarem a fazer o trabalho para que foram efectivamente criados, patrulhar zonas de risco, fazer prevenção activa e passiva e actuar/fazer cumprir em conformidade com as disposições legais em vigor sobre prevenção de fogos florestais, e posso afirmar e provar o que escrevo.
    Em vários tribunais, as imagens passam nas televisões, vêem-se membros dos GIPS a fazer serviço de policiamento nas entradas dos mesmos; com regularidade vejo membros dos GIPS na A1 em operações STOP a fazer serviço de policia; recentemente vi, as imagens passaram nas televisões, elementos dos GIPS a fazer patrulha policial nas ruas do Algarve, enquanto fazem isto não patrulham, protegem e previnem a floresta, função principal pela qual foram criados. E fico por aqui, que o role já vai comprido.
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