"Eles são todos iguais" - Parte II
Entretanto foram conhecidos novos desenvolvimentos nas aldrabices das viagens dos deputados insulares. E não melhoram em nada a imagem que deles vamos infelizmente tendo. E digo infelizmente porque é péssimo para a democracia que os eleitores não consigam ter os eleitos em boa conta. Não há nada pior, quando sabemos, como Churchil teorizou, que "a democracia é o pior dos regimes à excepção de todos os outros".
Ferro Rodrigues, o presidente da Assembleia da República, em vez de pedir explicações aos deputados, como eventuamente seria sua obrigação, quis passar uma esponja sobre o assunto, garantido que os deputados "não cometeram nenhuma ilegalidade, tendo beneficiado dos abonos e subsídios que sempre existiram, sem polémicas ou julgamentos de caráter". A esponja pode ter passado, mas não apagou nada; antes pelo contrário, a tecla da ilegalidade é simpelsmente mais do mesmo, e de ética, que é o que está em causa, nada. Não limpou, sujou ainda mais, acentuou a nódoa, porque ninguém vai deixar de perceber que quis ser juiz em causa própria, que se apressou a sair a terreiro porque a figura maior dos aldrabões é Presidente e o líder parlamentar do seu partido. O único, de resto, que tem a lata de dizer que a sua posição é eticamente inatacável...
E o deputado exemplo, o herói que na segunda-feira rasgou as vestes, anunciando de imediato a sua decisão de abandonar o Parlamento, considerando-se indigno de lá continuar, afinal já estava de saída. Limitou-se a fazer um número de circo, antecipando por uns dias uma saída que há muito estava definida em função das novas responsabilidades partidárias que assumira. Paulino Ascensão vai assumir a liderança do Bloco na Madeira, circunstância que implicaria o abandono do hemiciclo.
Pois... eles são mesmo todos iguais. Mesmo quando não são todos iguais, na aldrabice nunca são assim tão diferentes!