Emoções fortes no Mónaco
Jogo de emoções fortes, no Mónaco. Se o futebol é emoção, este jogo da terceira vitória do Benfica nesta edição da Champions, foi um grande jogo de futebol. Cinco golos já são garantia de emoção e espectáculo. Quando os golos dão voltas e reviravoltas ao marcador, mais ainda. Há quem lhes chame "jogos de loucos"!
Esperava-se um bom jogo: o Mónaco é uma equipa cheia de jovens com imenso talento, que circula muito bem a bola - estava no top da posse de bola na Champions - , mas também a mais eficaz nas chamadas transições rápidas. Ao fim das anteriores quatro jornadas estava no topo da classificação, só com vitórias (incluindo uma sobre o Barcelona) e apenas um empate. E o actual estado de forma do Benfica, é garantia de qualidade de futebol.
O Mónaco entrou a confirmar tudo o que se esperava e, cedo, logo aos 13 minutos, na segunda das duas oportunidades que criou, marcou. O Benfica, que pareceu ter entrado adormecido, reagiu ao golo, e não só equilibrou rapidamente o jogo como passou para cima. Até ao intervalo só o Benfica criou oportunidades, e bem poderia ter marcado por mais que uma vez. Di Maria, isolado, aos 37 minutos, Otamendi, no minuto seguinte, e Aktürkoğlu aos 40, dispuseram de excelentes condições para marcar.
Com Florentino amarelado logo aos cinco minutos, e Carreras à meia hora, os jogadores do Mónaco - que são novos mas não inocentes - carregaram sobre eles à procura do segundo amarelo. Fossem os senhores da Sport TV os árbitros e bem que o teriam conseguido.
Esperava-se que ao intervalo Bruno Lage retirasse o Florentino, já que para Carreras não tinha alternativa se não arriscar. Mas não, e vieram os mesmos onze para a segunda parte. Tinha razão, Bruno Lage, como se veria logo que o retirou do campo.
A segunda parte arrancou com a loucura ao mais alto expoente. Embolo rodou sobre Otamendi e atirou ao poste. Na resposta, num erro clamoroso do defesa brasileiro Caio Henrique, Pavlidis empatou. Dois minutos depois, em contra-ataque, o Mónaco voltou a marcar. O golo de Akliouche seria anulado pelo VAR, por fora de jogo do marcador. Imediatamente a seguir, com uma defesa enorme, o guarda-redes Majecki evitou novo golo de Pavlidis. E quatro minutos depois Bah marcou um belo golo, depois de um recital de Di Maria. O golo seria também anulado pelo VAR por fora de jogo milimétrico de Di Maria.
Tudo isto em 10 minutos. Mas logo a seguir, aos 13 - ou aos 58 - o cutelo do segundo amarelo caiu mas sobre a cabeça do defesa central Singo. Como o jogo estava, e com superioridade numérica, só se podia esperar pelo cheque mate do Benfica.
Mas não. O treinador do Mónaco mexeu na equipa e conseguiu dar-lhe equilíbrio. Bruno Lage reagiu a seguir, tirando finalmente Florentino, porventura a pensar que poderia passar pela cabeça do árbitro equilibrar as coisas em campo. Dois minutos depois de Florentino sair, aos 67, na posição onde ele já não estava, e com a defesa do Benfica paralisada não se sabe por quê, surgiu Magassa a rematar à vontade, e a marcar o segundo do Mónaco.
A equipa não conseguia tirar qualquer vantagem da superioridade numérica. Pelo contrário, o Mónaco estava tão por cima do jogo quanto estivera no primeiro quarto de hora do desafio. Os adeptos - entre eles os maluquinhos das tochas, a voltarem a fazer merda -, em maioria no Estádio Luís II, iam puxando pela equipa, mas ela tardava em responder.
Até que, de repente, por obra e génio de Di Maria, Cabral voou para a bola, empatou o jogo, e deixou ver que ainda era possível ganhar aquele jogo. E foi. Bastaram quatro minutos, já com Leandro Barreiro em campo, a substituir Aursenes (foi quem mais acusou a saída de Florentino) para Di Maria (o homem do jogo, para a UEFA e para toda a gente) voltar a repetir génio e arte para, num golpe de cabeça perfeito, Amdouni marcar o terceiro.
Da vitória. Justa e justificada. O Benfica foi melhor. Teve mais bola que a equipa com mais bola da Champions até aqui. Atacou o dobro. Rematou o dobro. E teve mais do dobro das oportunidades de golo.