Escondidos da campanha
Por Eduardo Louro
A gente olha e vê que a festa é feita pelo Pedro, pelo Paulo, pela Cristas e pela Maria Luís. Eles lançam os foguetes e apanham as canas, fazem números atrás de números e, cada um à sua maneira, mas sempre em grande estilo, garantem que a festa é animada. A moldura à sua volta não é só feita de figurantes, é também de figurões que tratam de velar para que tudo corra bem. Para que senhoras de cor de rosa não incomodem com perguntas ou desabafos embaraçantes.
Nada pode estragar a festa. E a festa poderá ficar estragada se alguém aparecer a falar de programas ou de promessas antigas. Mas fica completamente estragada é se alguém falar do governo e destes seus quatro anos. Isso é que é tabu. Aí é que está a única linha vermelha que Portas e Passos conhecem...
Querem que ninguém se lembre que houve um governo nestes mais de quatro anos que fez o que fez, que deixou o país como deixou, e os portugueses como estão. Não é por isso de estranhar que na festa não apareçam ministros que eles nem querem que se saiba que existem. Não é de estranhar que ninguém veja o ministro Crato. Nem aquele senhor de idade - Rui Machete, ou lá como se chama - que é ministro dos negócios estrangeiros. Nem aquela senhora de ar estranho, que parece ter chegado de Marte - que agora está na moda, até há lá água salgada e tudo - para substituir aquele senhor que deixou de ser ministro da administração interna para passar a arguído, naquela cena dos vistos gold, que eram o orgulho de Portas. De Paula Teixeira da Cruz, nem sombra...
Se alguém perguntar por esses ministros Passos, como sempre, desvalorizará e não hesitará em responder qualquer coisa como: "não podem andar todos aqui, alguém tem de ficar a governar"...
Mas falar de ausências é falar do Marco António, de Gaia. É a mais notada de todas: por onde andará o Marco António Costa?
Não aparece, ninguém o vê... Não é ministro. É mais que isso, e mais que aos ministros, ninguém quer que seja visto por aí. Por que será?