Euro 2020 -Emoção, golos e "adieu": o futebol é isto!
O terceiro dia dos oitavos foi memorável, com dois grandes jogos. Com tudo o que de melhor há a esperar de um espectáculo de futebol. Com muitos golos, que é aquilo que sempre mais se espera de um grande jogo, com reviravoltas no marcador, e muitas surpresas. A maior, claro, a eliminação do campeão do mundo, a super-favorita França..
A jornada começou em Copenhaga, no Parken Stadium, com um emocionante Croácia - Espanha com oito golos. A história deste jogo começa aos 20 minutos, quando o miúdo Pedri, aos 18 anos um craque da cabeça aos pés, atrasou a bola para o seu guarda-redes que ... deixou-a passar por baixo do pé para dentro da baliza.
Foi o primeiro grão de areia na engrenagem da máquina do futebol espanhol, uma máquina muito nova, pela primeira vez sem uma peça do Real Madrid, mas que não engana. É fiável, como já são as máquinas espanholas. Talvez pela juventude, a equipa ressentiu-se, e andou um bocadinho por ali atrapalhada. Demorou 20 minutos a chegar ao empate, por Sarabia, com que terminou a primeira parte.
Cedo, ainda antes de se esgotar o primeiro quarto de hora da segunda parte, passou para a frente, com um belo golo de Azpilicueta. Em desvantagem, os croatas vestiram de espanhóis e, armados da fúria espanhola, passaram a discutir o jogo e o resultado palmo a palmo. Estavam por cima do jogo quando, já dentro do último quarto de hora, Ferran Torres fez o terceiro da Espanha.
Um rude golpe, uma machadada, nas aspirações croatas? Qual quê. Nem pensar!
Menos de dez minutos depois reduziram, num golo de Orisic em que a bola se fartou de ser pontapeada até entrar. E entrou mesmo, disse a tecnologia de baliza, porque a olho nu não ficava fácil de ver. Faltavam 5 minutos para os 90, e o seleccionador croata meteu o que tinha e o que não tinha dentro da área dos espanhóis, impedindo-os de se espraiarem pelo campo, e de "matarem" as suas jogadas à nascença. E ao segundo minuto dos 4 ou 5 da compensação, empataram o jogo com um golo de Pasalic (só nomes desconhecidos), e mandaram-no para prolongamento.
Era já uma surpresa, e não apenas uma meia surpresa. O prolongamento permitiu à maquina espanhola retomar, se não o seu normal funcionamento, pelo menos a sua matriz operacional. E ainda na primeira parte do prolongamento, em três minutos fizeram dois golos - aos 100, Morata (finalmente; e que execução!) e aos 103, Oyarzabal, fecharam o resultado de um jogo louco.
E lá está a Espanha, à espera da ... Suíça!
Que noutro jogo fantástico, em Bucareste, com o mesmo resultado - e até com a mesma evolução do marcador - no final dos 90 minutos, e certamente na surpresa maior deste Europeu, eliminou a França.
A Suíça começou bem cedo a surpreender, ao impor-se à super-favorita selecção francesa. Chegou ao golo, por Sefevorivic, numa excelente execução de cabeça, aos 15 minutos, e nunca se deixou inferiorizar no jogo. Ao intervalo vencia, justamente.
Nos 10 minutos iniciais da segunda parte o jogo manteve as mesmas características, não obstante as alterações que Deschamps introduziu na equipa. Sem lateais esquerdos, com Hernandez e Digne lesionados, tinha optado, sem sucesso, pela moda dos três centrais, e na segunda parte achou por bem regressar à defesa a quatro, recuando Rabiot e fazendo entrar Coman.
A melhor oportunidade de golo tinha já pertencido aos helvéticos quando, precisamente aos 10 minutos, Pavard faz penalti. Rodriguez marcou fraco e permitiu a defesa a Lloris, e o que poderia ter sido o 2-0 da machadada final nos campeões do mundo, acabou por virar o jogo. Empolgou os franceses e destruiu a moral e a organização dos suíços. Nos 3 minutos seguintes a França criou a sua melhor oportunidade de golo (Mbappé) e marcoiu dois golos por Benzema.
Estava dada a volta ao marcador, a equipa suíça estava destroçada, e pensava-se que só poderia acontecer o que era inevitável. Mais ainda quando precisamente à entrada do último quarto de hora Pogba fez um dos melhores golos deste Europeu.
Nada disso. A Suíça renasceu das cinzas e, a menos de 10 minutos dos 90, Seferovic voltou a marcar mais um belo golo, de cabeça. Para aos 90, Gavranovic empatar o jogo.
Para que a emoção fosse ainda maior, na compensação Coman atirou à trave, o prolongamento não deu em nada e vieram os penaltis. Ninguém falhou até ao último penalti. O décimo, que Mbappé - veja-se bem - não concretizou, permitindo a defesa de Sommer.
O futebol é isto. Não é aquilo.