Euro 2020 - Futebol de autor, com assinatura
Itália e Bélgica discutiram em Munique o acesso às meias-finais, no mais entusiasmante jogo destes quartos de final.
A Itália confirmou todos os créditos que tem vindo a conquistar nesta competição, com o seu futebol de autor, e com assinatura. Confesso que, tendo sido grande admirador do futebolista Mancini, o treinador Mancini nunca me tinha entusiasmado. Até aqui!
O que Mancini fez do futebol da squadra azurri é deveras impressionante. É sem dúvida o grande futebol deste Europeu!
Os italianos começaram logo por impor o seu futebol de campo todo, ora de pressão em todos os metros quadrados, ora de colocação milimétrica a anular linhas de passe ao adversário. De ocupação de espaços, de circulação, da bola e dos jogadores, e de exploração dos espaços do adversário, tudo isto numa dinâmica de jogo absolutamente única neste Europeu.
Não obstante tudo isso foram dos belgas, em transições rápidas a criar as duas primeiras, e as melhores oportunidades para marcar. Duas, ambas negadas por Donaruma, provavelmente, aos 22 anos (parece um veterano, não é?), o melhor guarda-redes do mundo, mesmo que ainda no primeiro quarto de hora de jogo Bonucci tenha feito entrar a bola na baliza de Courtois, depois anulado por fora de jogo.
Quando à passagem da meia hora Barella fez o primeiro golo, numa excelente execução, rodeado de adversários, apenas aconteceu a coisa mais natural deste mundo. E quando, pouco mais de 10 minutos depois, Insigne executou mais uma obra de arte para a galeria deste Europeu, aconteceu exactamente o mesmo.
A equipa belga estava encostada às cordas, e a superioridade italiana era demasiado flagrante. Só que … Há sempre um que. Em cima do intervalo o lateral direito italiano, Di Lorenzo, cometeu penalti - afastou com o braço, dentro da área, o endiabrado Doku, hoje o melhor dos belgas - e Lukaku reduziu para o 2-1, que faria o resultado final.
Com este golo a Bélgica foi para o intervalo com condições de discutir o resultado, coisa que antes não era fácil de imaginar. No regresso para a segunda percebeu-se que os belgas até poderiam ter condições de discutir o resultado, de discutir o jogo é que parecia que não. Os italianos continuaram a mandar no jogo, e a espalhar futebol pelo relvado, com os belgas incapazes de contrariar tamanha superioridade, até porque De Bruyne, ao contrário de Eden Hazard, havia sido recuperado para o jogo sem que nunca parecesse recuperado. Menos ainda à medida que o tempo ia passando.
Só que … Desta vez é diferente. Mas a verdade é que nos vinte minutos finais - mais com o coração. é certo, mas o jogo também se faz de alma e de querer - a Bélgica virou o rumo do jogo. E poderia até ter chegado ao empate. Só não chegou porque Spinazzola conseguiu, só porque estava ali, desviar uma bola tocada por Lukaku - que assim igualaria Cristiano Ronaldo - a centímetros da baliza (na foto).
Spinazzola. o melhor lateral esquerdo deste europeu - se bem que com muitos rivais, esta é a posição em que mais jogadores se distinguiram nesta competição - evitou este golo e, logo a seguir, esteve na última oportunidade de golo da Itália, que poderia ter fechado o jogo, antes de se lesionar, com aparente gravidade, e abandonar o campo e certamente a prova. Vai ser uma baixa de relevo na equipa de Mancini para o que resta do Europeu.
E o que resta à Itália dificilmente se reduzirá ao próximo jogo. Ficará ainda a faltar provavelmente o da final, com a Inglaterra. Provavelmente … o tal slogan da tal cerveja dinamarquesa.